Confrontos entre opositores e apoiantes do Presidente egípcio causam dezenas de feridos

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Pelo menos dois autocarros foram incendiados junto á Praça Tahrir AFP

Foi o dia mais violento no Cairo desde que Mohamed Morsi chegou ao poder, em Junho. Opositores e apoiantes do Presidente entraram nesta sexta-feira em confronto na Praça Tahrir e dezenas de pessoas ficaram feridas.

Os confrontos começaram quando apoiantes da Irmandade Muçulmana, no poder, destruíram um pódio instalado por um grupo que se entoava palavras de ordem contra Morsi, contou a AFP. A agência egípcia MENA, citada pela Reuters, referiu 41 feridos, mas mais tarde o Ministério da Saúde egípcio confirmou que pelo menos 110 pessoas sofreram ferimentos ligeiros ou moderados.

Os manifestantes arremessaram pedras, garrafas e cocktails molotov. Na Praça Tahrir, palco dos protestos que levaram ao derrube do regime de Hosni Mubarak, juntaram-se cerca de duas dezenas de grupos laicos para exigir ao Presidente a criação de uma nova Assembleia Constituinte mais representativa.

Ao mesmo tempo, centenas de apoiantes dos islamistas da Irmandade Muçulmana juntaram-se no local para se manifestar contra a absolvição, na quarta-feira, de 24 elementos ligados ao regime de Mubarak que tinham sido acusados de serem responsáveis pela repressão dos manifestantes contra o antigo ditador egípcio, no ano passado, em que homens montados em camelos e cavalos foram mobilizados para travar os protestos e causaram vários mortos.

A tensão aumentou também após as críticas de vários juízes egípcios à decisão de Morsi de afastar o procurador-geral Abdel Maguid Mahmoud, considerado uma figura ligada ao regime de Mubarak, que o Presidente egípcio nomeou enviado para o Vaticano, logo após ter sido conhecida a decisão de absolver os acusados pela repressão dos protestos de 2011.

Mahmoud adiantou em comunicado que não abandonará o seu posto porque, segundo a lei, não pode ser demitido pelo poder executivo, e garantiu ainda que vários altos responsáveis do Governo, incluindo o Ministro da Justiça Ahmed Mekki, o advertiram que poderia ser atacado por manifestantes se não aceitasse a demissão.

O afastamento do procurador-geral por Morsi representa um novo episódio de um já longo braço-de-ferro entre o poder judicial e os juízes nomeados durante a era de Mubarak e o Governo de Morsi.

Junto à Praça Tahrir foram incendiados dois autocarros em que se teriam deslocado apoiantes da Irmandade Muçulmana, adiantou a BBC. A manifestação de ontem dos opositores de Morsi, que hoje completa 100 dias de mandato, foram as mais significativas desde que o Presidente chegou ao poder.

Em Alexandria, a segunda cidade do país, Morsi prometeu que os antigos responsáveis do regime de Mubarak absolvidos “serão novamente julgados” e disse que “não poderão ser ignorados os que cometeram crimes contra a nação”.

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