Portugal derrotado pelo maior rival

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Kerzhakov marcou o único golo Foto: Reuters.

Paulo Bento tinha deixado o aviso. Seria preciso reagir aos momentos adversos que acontecessem logo no início do jogo. E nesta sexta-feira, a selecção portuguesa sofreu muitos destes momentos. Até antes do apito inicial. Uma preparação condicionada pelas lesões de Cristiano Ronaldo, Pepe e Raul Meireles afectou um sistema que tem sido consolidado sempre com os mesmos jogadores. A equipa de Paulo Bento sofreu com isso e a Rússia era o adversário menos indicado para que isso acontecesse. Resultado, no duelo em Moscovo entre os dois líderes do Grupo F, saíram vencedores os russos, com um triunfo por 1-0 construído logo aos seis minutos, e assumiram o comando isolado do agrupamento, com nove pontos em três jogos.

Se Ronaldo e Pepe foram recuperados para o confronto no Luznikhi, o mesmo não aconteceu com Meireles. E Bento compôs o trio de meio-campo com a entrada de Rúben Micael, em destaque no Sporting de Braga, para o lugar do homem do Fenerbahçe que se lesionara no treino do dia anterior. Mas foi uma acção do médio madeirense que deu origem à primeira contrariedade portuguesa no jogo. Minuto seis, Micael efectuou um passe que foi interceptado por Shirokov e o médio russo fez um passe perfeito para Kerzhakov, seu companheiro no Zenit de São Petersburgo. Pepe adiantou-se no terreno para colocar o russo em fora-de-jogo, Bruno Alves ficou para trás e surgiu espaço para Kerzhakov entrar sem oposição. Foi só avançar e rematar. Rui Patrício nada pôde fazer.

Esta era a tal adversidade madrugadora que Bento tinha previsto. A selecção portuguesa até respondeu e nos 15 minutos seguintes podia ter anulado facilmente a vantagem da Rússia, agora injectada com o rigor defensivo de Fabio Capelo. Cristiano Ronaldo, Hélder Postiga e Bruno Alves tiveram oportunidades, mas a bola ou foi ao lado ou foi rechaçada por Akinfeev.

Minuto 20, adversidade número dois. Fábio Coentrão saiu lesionado e entrou de emergência Miguel Lopes para o flanco esquerdo, um jogador diferente, adaptado a uma posição que não é a sua natural — não havia mais nenhum defesa esquerdo entre os convocados.

O domínio português continuou, com uma percentagem esmagadora de posse de bola (terminou com 7228 a favor de Portugal), mas esse domínio foi-se transformando à medida que os minutos iam passando. A Rússia pouco saía do seu meio-campo, Portugal tentava furar pelos flancos e até colocava alguns problemas a uma defesa adversária não muito segura. Mas, fosse pela falta de hábito a jogar em relvados sintéticos ou pelo frio, havia sempre alguma coisa que corria mal. Era a hora de recorrer ao super-suplente Silvestre Varela, que tem desbloqueado vários jogos para Portugal.

Desta vez, o avançado do FC Porto não resolveu. Nem Éder, lançado num jogo em que as responsabilidades e necessidades eram bem maiores do que as frente ao Azerbaijão, o mês passado. Nem Cristiano Ronaldo que, aos 58’, teve nos pés a única grande oportunidade de Portugal na segunda parte. Após uma combinação entre João Pereira e Nani, Ronaldo recebeu a bola na área russa, mas atirou ao lado. Foram, aliás, os russos que estiveram mais perto do golo. Num contra-ataque, aos 81’, Kokorin ficou na frente de Rui Patrício, mas o guarda-redes evitou o golo.

As contrariedades iniciais acabaram por se transformar mesmo na primeira derrota de Portugal — que continua sem marcar qualquer golo na Rússia — nesta qualificação para o Mundial 2014, a quinta desde que Paulo Bento assumiu o comando. Segue-se a Irlanda do Norte, na próxima terça-feira, no Estádio do Dragão.

POSITIVO
Fabio Capello

Foi um jogo como ele gosta, marcar cedo e esperar pelo adversário. Com este experiente italiano no banco, os russos têm outro rigor defensivo e não se enervam com facilidade. Parece uma selecção menos espectacular — sem Arshavin, falta-lhe criatividade — mas ganhou em competência. A verdade é que, depois do golo russo, Portugal não conseguiu encontrar o caminho. Mérito de Capello.


Kerzhakov

O avançado russo marcou o seu segundo golo deste apuramento numa desmarcação perfeita que baralhou por completo os centrais portugueses.


NEGATIVOLesões

A preparação para esta dupla jornada foi acidentada, marcada por muitas lesões. Sem Raul Meireles e sem Fábio Coentrão a partir dos 20 minutos de jogo, Portugal, que tem sido um modelo de estabilidade no “onze”, não foi a mesma equipa. O lateral-esquerdo está praticamente afastado do jogo com a Irlanda do Norte e não tem um substituto à altura.


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