Há 2,5 milhões de euros relativos aos direitos de formação do brasileiro para distribuir e não faltam candidatos a recebê-los

Na semana passada, foi notícia o facto de o Zenit de São Petersburgo andar à procura dos clubes formadores de Hulk, de maneira a poder saldar os valores correspondentes ao fundo de solidariedade. Pois bem, já são conhecidos os felizes contemplados, defende um advogado brasileiro, que atribui o direito a receber a quatro emblemas: três brasileiros e um... japonês.

"O passaporte é o documento oficial considerado pela FIFA para que o pagador [Zenit] saiba a quem deve pagar. No passaporte de Hulk constam o Serrano [de Paraíba], o São Paulo, o Vitória [da Bahia] e o Kawasaki [Frontale, do Japão] como clubes formadores. Não há nenhuma dúvida. E uma cópia do documento original [o passaporte] já foi enviada para o Zenit", afirmou Alan Belaciano, que representa o Serrano de Paraíba, citado pelo portal Globoesporte.

O Vilanovense, clube ao qual Hulk se vinculou em Dezembro de 2001, para jogar então nos escalões juvenis, não consta, porém, desta lista. Algo que surpreende o presidente do clube nortenho: "Essa informação está deturpada. O Vilanovense tem direito, esse direito já foi reclamado e vai continuar a ser reclamado", vincou o dirigente do emblema de Vila Nova de Gaia, Manuel Carvalho, em conversa com o PÚBLICO. "Já recebemos aquando da vinda do Hulk para o FC Porto. Se tivemos direito nessa altura, também temos direito a uma parte agora", acrescentou Manuel Carvalho, estimando em "200 mil euros" a verba a encaixar com a operação.

O presidente do Vilanovense acredita que o pagamento "vai demorar", mas adianta que tem um advogado a tratar há algum tempo do assunto. "Não estamos a contar receber directamente o dinheiro, uma vez que temos dívidas a saldar. Caindo na federação, o dinheiro ficará lá para pagar as dívidas", confessou Manuel Carvalho.

Indiferente a tudo isto, o jogador vai evoluindo no processo de adaptação ao futebol russo e prefere concentrar-se apenas no rendimento desportivo da equipa. Com ênfase para os interesses colectivos: "Só tenho um objectivo: fazer o meu trabalho de forma honesta e ajudar o clube", afirmou, em declarações ao site oficial do Zenit.

Hulk, de resto, encontra algumas similitudes entre o campeonato da Rússia e o campeonato português: "Quando jogava no FC Porto, os defesas tentavam rasteirar-me e derrubar-me constantemente. Claro que isso não é positivo, porque é algo que pode mudar um jogo. Mas conto com o árbitro para tomar as decisões correctas", referiu.

Depois do vendaval de críticas de alguns dos colegas de equipa, que não esconderam a insatisfação causada pelas disparidades salariais acentuadas pelo contrato de Hulk, os ânimos parecem agora ter serenado em S. Petersburgo. O Zenit começa a recuperar de um arranque de época muito pouco promissor e o treinador, que tem apoiado publicamente o brasileiro, já pediu ao ex-avançado do FC Porto que se habitue à pressão de que é alvo, dentro e fora do campo: "É um jogador importante que desperta sempre muita atenção e tem de aprender a lidar com isso", sublinhou Luciano Spalletti.