Recuperação económica na zona euro será “muito gradual”, diz Mario Draghi

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Mario Draghi disse quer o BCE não pode substituir a acção dos governos através da emissão de moeda Foto: François Lenoir/Reuters

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) afirmou esta terça-feira, em Bruxelas, que a economia europeia continua a enfrentar “tempos difíceis” e advertiu que a recuperação da actividade económica na zona euro será “muito gradual”.

Mario Draghi, que falava na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, disse, todavia, que a “zona euro está a progredir bem para chegar a uma situação sólida” e afirmou estar convencido de que “os países mais débeis sairão reforçados da crise”.

Ainda ontem o Fundo Monetário Internacional reviu em baixa as previsões económicas mundiais para o próximo ano. Na zona euro, a instituição prevê um desempenho mais negativo do que o esperado há seis meses. Para o conjunto dos países da moeda única, o FMI aponta agora para um crescimento de 0,2% em 2013, em vez de uma progressão de 0,9%.

O presidente do BCE afirmou acreditar “que em Outubro e Dezembro [durante os Conselhos Europeus], os chefes de Estado e do Governo vão reafirmar o seu compromisso com a irreversibilidade do euro”.

Embora defenda a necessidade de os países tomarem medidas de austeridade, Draghi reconheceu que “o processo de consolidação orçamental deprimiu o produto em algumas partes da zona euro”. “Estou plenamente consciente dos efeitos do processo de ajustamento nos cidadãos, especialmente aqueles que perderam o emprego”.

Perante os deputados, Mario Draghi disse ainda que o BCE deve cumprir o seu mandato – manter a inflação abaixo de 2% – e não pode substituir a acção dos governos através da emissão de moeda.

“O BCE não se pode envolver no financiamento monetário e não pode substituir a acção dos Estados-membros. É muito fácil pensar que o BCE pode substituir a acção dos governos ou a falta dela, com a emissão de moeda. Isso não acontecerá”, declarou.

O presidente do BCE anunciou, em Setembro, a criação de um novo programa de compra de dívida soberana no mercado secundário.

Para acederem a este programa de compra de dívida ilimitada, os países têm de se submeter aos programas de ajustamento do fundo de resgate europeus.

Também os países já sob programas da troika podem beneficiar deste mecanismo, mas apenas quando estiverem a tentar recuperar acesso aos mercados de dívida, com as transacções a focarem-se especialmente em dívida com maturidade de um a três anos.

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