Antigo director da Tecnoforma afasta hipótese de “influência” de Passos Coelho

António Silva, ex-director comercial da Tecnoforma, garantiu hoje à agência Lusa que “nunca” teve conhecimento de “qualquer influência política” de Pedro Passos Coelho nos negócios da empresa quando este era administrador e Miguel Relvas tutelava a formação nas autarquias.

António Silva pertenceu à Comissão Política Nacional da JSD juntamente com Passos Coelho, é hoje advogado em Mangualde e era vereador a tempo inteiro eleito pelo PSD ao memo tempo em que era director comercial da Tecnoforma partir de finais de 2002. Esta empresa conseguiu obter a esmagadora maioria dos contratos de formação profissional firmados pelo Estado com empresas privadas, sobretudo na região Centro, no âmbito do programa Foral.

Miguel Relvas era então o responsável político por esse programa, que se destinava a formar o pessoal das autarquias com verbas do Fundo Social Europeu e do Estado português, e Paulo Pereira Coelho, que também tinha sido dirigente da JSD, era o gestor do programa na região Centro. Pedro Passos Coelho era consultor da empresa para a área do programa Foral e foi depois seu administrador, facto que omite no seu currículo.

António Pais Silva, que Passos Coelho disse ao PÚBLICO ser o principal responsável pelo sucesso da Tecnoforma na região Centro graças ao seu “dinamismo”, admitiu hoje à Lusa que realizou “algumas reuniões” com o então consultor e depois administrador, “mas nunca surgiu qualquer percepção de que este tivesse qualquer influência na realização de contratos”.

“Marquei entrevistas com autarquias de Bragança a Vila real de Santo António, de todas as cores políticas, sempre por minha iniciativa, realizei contratos com câmaras do PCP ao PSD, mas nunca dei conta de que existisse qualquer interferência do então administrador (Passos Coelho) junto do governante que tinha a tutela da área (Miguel Relvas), nem outro tipo de acção que não fosse enquadrada nas suas responsabilidades profissionais”, afirmou o antigo director comercial da Tecnoforma. Entre os 20 contratos relacionados com Foral que a Tecnoforma celebrou com câmaras do Centro entre 2002 e 2004, quando o programa era tutelado por Relvas, 15 dizem respeito a câmaras do PSD. Nas restantes regiões do país a empresa não conseguiu nenhum contrato do Foral nesse período, à excepção do Norte onde obteve oito.

Também Aníbal Maltez, que trabalhou na mesma altura na área comercial da Tecnoforma e que foi presidente da JSD de Mangualde durante muitos, disse à Lusa nunca se ter apercebido de influências políticas nos negócios da empresa.

Maltez disse que não pretende alongar-se em declarações, garantindo apenas que, ao tempo em que desempenhou funções na Tecnoforma, onde diz ter sido responsável comercial por uma área geográfica que não incluía o distrito de Viseu, “jamais” detectou a existência de esquemas que envolvessem influência política na actividade que desempenhava.

 

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