Duas empresas tecnológicas chinesas consideradas "ameaças à segurança" dos EUA

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A Huawei e a ZTE são acusadas de fornecer informações ao Governo chinês Foto: Reuters

Duas das maiores empresas tecnológicas e fabricantes de smartphones do mundo, as chinesas Huawei e ZTE, são acusadas pelos EUA de representarem uma ameaça à segurança do país. Uma comissão da Câmara dos Representantes recomenda às empresas norte-americanas que evitem fazer negócios com as duas companhias chinesas.

"A China tem meios, oportunidades e motivos para usar as empresas de telecomunicações para fins maliciosos", lê-se num relatório da comissão de segurança da Câmara dos Representantes, que é na sua maioria composta por membros do Partido Republicano.

No mesmo documento, afirma-se que "a Huawei e a ZTE não conseguiram acalmar as preocupações desta comissão pelos problemas de segurança decorrentes da sua contínua expansão nos Estados Unidos. Dado o seu comportamento obstrucionista, a comissão acredita que este facto tornou imperativa a procura de uma solução para este problema".

O relatório da comissão de segurança do Congresso recomenda mesmo às empresas norte-americanas que não façam negócios com a Huawei e com a ZTE por causa das alegadas ligações destas duas companhias ao Governo chinês: "Com base em várias informações – sigilosas e públicas –, não podemos considerar que a Huawei e a ZTE estejam livres da influência de um Estado estrangeiro e, portanto, constituem uma ameaça à segurança dos Estados Unidos e aos nossos sistemas."

China fala em "motivações políticas"

As autoridades chinesas e as representantes das duas visadas foram ouvidas pela comissão norte-americana. O porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, apelou aos EUA para "que ponham de lado os seus preconceitos" em relação à Huawei e à ZTE. "As empresas tecnológicas chinesas têm desenvolvido os seus negócios com base nos princípios da economia de mercado. Os investimentos das duas empresas são um síbolo dos benefícios mútuos das relações económicas e comerciais sino-americanas", frisou o mesmo responsável, citado pelo site da BBC.

A recomendação da comissão do Congresso norte-americano surge a apenas um mês das eleições nos EUA, na recta final de uma campanha em que ambos os candidatos – o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney – têm agitado o fantasma da ameaça chinesa em termos de proteccionismo às empresas do país e à sua política monetária.

Por esta razão, o vice-presidente da Huawei, William Plummer, considera que o relatório da comissão do Congresso é motivado por questões políticas. "A integridade e a independência da organização e das práticas da Huawei são respeitadas e são motivo de confiança em quase 150 mercados", cita a agência AFP.

"Afirmar que só a Huawei é vulnerável a más intenções informáticas revela ignorância sobre as realidades técnicas e comerciais; põe em causa, irresponsavelmente, postos de trabalho e a inovação nos EUA; não faz absolutamente nada para proteger a segurança nacional; e deve ser denunciado como uma perigosa jogada política", afirmou o vice-presidente da Huawei.

A principal preocupação da comissão do Congresso americano é a alegação de que a Huawei – fundada em 1987 por Ren Zhengfei, antigo membro do Exército chinês – e a ZTE têm ajudado as autoridades de Pequim a reunir informações sobre outros países e empresas. Os responsáveis de ambas as empresas negaram estas acusações durante uma audição com a comissão do Congresso dos EUA, no mês passado.

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