Ex-mordomo do Papa condenado a 18 meses de prisão por furto

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Paolo Gabriele enfrentava uma acusação que poderia valer três anos de cadeia Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

O Tribunal do Vaticano condenou, neste sábado, o ex-mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, a ano e meio de cadeia. Gabriele foi considerado culpado de furtar documentos classificados. Apanha três anos de prisão, mas o tribunal reduziu a pena para metade.

A acusação tinha pedido três anos de cadeia. O veredicto foi lido nesta manhã, após duas horas de deliberação.

O presidente do tribunal, Giuseppe Dalla Tore, explicou que a pena foi reduzida devido os "serviços de Estado" prestados pelo acusado, que estava "convencido – erradamente – que assim serviria a Igreja".

A favor do ex-mordomo foi tido em conta ainda "a conduta do arguido no processo" e a "consciência de que tinha traído o Papa", noticia a agência AFP. Além da pena de prisão, vai ter de pagar as custas do processo.

"É um bom veredicto, equilibrado", comentou a advogada de defesa, Cristiana Arru. "Vamos analisar a sentença e avaliar se é oportuno apresentar recurso", acrescentou.

Paoletto, um empregado-modelo

Paolo Gabriele foi a julgamento acusado de furto agravado, acusação que a defesa do arguido tentou ver reduzida a "apropriação ilícita", que teria uma moldura penal mais suave. Aliás, a defesa pediu mesmo que o tribunal deixasse sair Paolo - conhecido como "Paoletto" – em liberdade.

O tribunal considerou provado que o ex-mordomo de Bento XVI desviou documentos confidenciais do Vaticano, num caso que fica para a história com o nome de "Vatileaks".

Outrora considerado um empregado-modelo, Gabriele, de 46 anos, tinha na sua residência milhares de cartas e outra correspondência (como fax), além de textos diversos, alguns dos quais escritos pela própria mão de Bento XVI.

Casado, pai de três filhos, "Paoletto" é oriundo de uma família bem conhecida de todos os 594 cidadãos do Estado do Vaticano, o mais pequeno do mundo, nota a AFP.

Um crime por amor "visceral" à Igreja

A quarta e última sessão do julgamento realizou-se perante uma audiência restrita de dez jornalistas que puderam acompanhar o caso durante uma semana, em tribunal.

Antes do veredicto, que foi produzido em duas horas, o acusado declarou em tribunal, numa voz impávida e serena, segundo descreve a agência Reuters, que fez o que fez por um amor "visceral" à Igreja Católica.

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