Há um Freddie Mercury a caminho e chama-se Sasha Baron Cohen

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Para além do biopic, um documentário tentará mergulhar no mistério Mercury ROY WELLS

O vocalista dos Queen, estrela maior entre as estrelas de glamour (anos 1970) e de estádio (anos 1980), vai ser alvo de biopic

Mais um resultado da "retromania" que levou o jornalista e crítico Simon Reynolds a escrever centenas de páginas sobre a obsessão com o passado na música do século XXI? Efeitos secundários de um mundo em que o mistério é qualidade praticamente inexistente e em que se exige que saibamos tudo sobre toda a gente, 24 horas por dia? Jogada esperada, porque mitos são mitos e rendem sempre muito em tela? Tudo ao mesmo tempo, provavelmente. A notícia é a seguinte: Freddie Mercury, o vocalista dos Queen, estrela maior entre as estrelas de glamour (anos 1970) e de estádio (anos 1980), vai ser alvo de biopic. E quem encarnará o homem nascido Farrokh Bulsara em Zanzibar? Nem mais nem menos que Sasha Baron Cohen, anunciou a semana passada Brian May. Que pensaria Borat disto?

Ainda sem título, o filme acompanhará o percurso de Mercury até à actuação no Live Aid de 1985, momento de consagração da banda de Bohemian Rapsody. O guião, adiantava o Guardian, está a ser escrito por Peter Morgan, argumentista de O Último Rei da Escócia ou A Rainha, e o produtor, Graham King (a sua GK Films trabalhará com as Tribeca Productions de Robert de Niro), revelou que as filmagens arrancarão no próximo ano. Diz-se que Sasha Baron Cohen está entusiasmadíssimo com o papel e que vai afinando a voz ao som das canções dos Queen.

Bem antes disso, já em Outubro, será editado um novo documentário, The Great Pretender (título de um single de Mercury a solo, de 1987), que tenta mergulhar mais profundamente que nunca nesse mistério que era o cantor. Contemplando novas entrevistas com Montserrat Caballé ou com os Queen sobreviventes, sobressai do documentário, referia o Guardian, o retrato de um homem incrivelmente tímido que apenas se libertava em palco, de alguém "exigente e generoso, cuja vida privada estava absolutamente inacessível a todos os que não pertencessem ao seu círculo mais próximo". Entre os íntimos, é provável que a música fosse o tema principal de conversa. Jim Beach, manager dos Queen recorda uma visita a Mercury dois dias antes da sua morte, quando este já cegara por ter deixado de tomar medicação. Recorda-se de Freddie ter discutido a data de lançamento de um single a solo de Brian May. Beach queria que fosse adiado. Mercury opôs-se. "Posso morrer a qualquer altura - que melhor publicidade poderá ele ter?" Pouco antes, o vocalista começara a pensar em qual seria o seu legado, em como seria recordado. Só tinha uma preocupação: "Podes fazer o que quiseres com a minha música, mas não me tornes aborrecido".

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