Village Underground Lisboa: arte em contentores

Apesar dos contentores ainda não estarem montados, já dá para ter uma ideia do resultado final desta celebração do retro com o urbano. É um espaço dinâmico e inspirador

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Madalena Araújo

Até ao final do ano, nasce no Museu da Carris, em Alcântara, um projecto dedicado às indústrias criativas, que é metade centro cultural, metade centro de escritórios.

 

A apresentação oficial do Village Underground Lisboa foi feita num ambiente de festa e deu um cheirinho do que podemos esperar deste novo espaço multifuncional de Lisboa.

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Madalena Araújo

 

O Village Underground nasceu há cinco anos em Londres, dentro de contentores marítimos e carruagens de metro desactivadas e re-utilizadas como espaço de escritórios, colocadas num topo de um prédio na East End. Trabalham lá cerca de 50 criativos que desfrutam juntamente com outros londrinos de um espaço cultural onde se fazem concertos, exposições e artes performativas. Esta plataforma internacional para a cultura já chegou a Nova Iorque e está construção em Berlim.

 

 

A expansão do conceito chegou a Lisboa pelas mãos de Mariana Duarte Silva, 31 anos, especialista em divulgar talentos e abraçar novas oportunidades. Viveu em Londres três anos e passou metade do tempo a trabalhar no Village Underground da capital inglesa. Foi lá que montou dentro de uma carruagem de metro, partilhada com outros criativos, o escritório da Madame Management, agência de promoção de artistas e comunicação.

 

Quando voltou para Portugal decidiu propôr ao seu sócio - e mentor do projecto londrino - fazerem o mesmo em Lisboa. Foram necessários três longos anos para conseguir pôr o projecto em prática, mas após muito planeamento e depois da Carris e a Câmara Municipal de Lisboa se juntarem ao projecto, chegou finalmente o dia.

 

“Aqui em Lisboa – o Village Underground - vai ser uma estrutura de 14 contentores [de navios] mais dois autocarros onde as pessoas vão poder alugar um escritório dentro dos contentores,” contou a responsável pelo projecto.

 

À chegada foi impossível não reparar de imediato num dos autocarros antigos da Carris, agora transformado num "meeting space" – uma sala de reuniões para profissionais – coberto quase por inteiro de sapatos. A instalação artística é da portuguesa Joana Astolfi, responsável também pelo design final dos dois veículos.

 

Curiosa, perguntei: porquê sapatos? “Comecei a pensar no que acontece dentro dos autocarros, como é o movimento das pessoas na cidade e a imagem dos pés estava sempre a vir-me à cabeça. Então decidi celebrar o objecto, o sapato, que representa esse movimento,” explicou a artista plástica. Todos os sapatos foram doados e uma grande parte chegou através de uma campanha no Facebook que se revelou um sucesso. “Há aqui um bocadinho de toda a gente que quis participar nesta instalação.”

 

A música começou com o duo feminino português Heartbreakerz, um dos vários projectos da Madame ligados à música electrónica. A programação incluiu também música ao vivo da banda portuguesa Brass Wires Orchestra que surpreendeu o público com o seu folk progressivo e provou que este estilo musical ainda sem grande projecção no nosso país merece mais destaque.

 

Houve ainda dança em cima do autocarro com Mayuka Reis, um solo act Silk dos Cais do Sodré Funk Connection e "live painting" pela tarde fora, de Kruella D’Enfer & Akacorleone, no autocarro que vai ser um restaurante-cafetaria.

 

Apesar dos contentores ainda não estarem montados, já dá para ter uma ideia do resultado final desta celebração do retro com o urbano. É um espaço dinâmico e inspirador com 60 lugares disponíveis para alugar, com uma renda acessível e aberto a todos. Algo me diz que este projecto promete.

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