Anselmo Mendes junta-se a João Póvoa no projecto Kompassus

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João Póvoa juntou-se ao amigo enólogo Anselmo Mendes para juntos dinamizarem o projecto Kompassus DR

João Póvoa, cirurgião oftalmológico em Coimbra, é um bairradino apaixonado por vinhos e vinhas. Neto de produtor, começou a sua aventura vitivinícola com a Quinta de Baixo, que, por razões de saúde, se viu obrigado a vender em 2007. Vendeu a quinta e a marca, mas ficou com as melhores vinhas (situadas em solos argilo-calcários na freguesia da Cordinhã, em Cantanhede), os melhores vinhos e também com a reputação de ter feito alguns dos melhores Bairradas de sempre. Com menos canseiras e responsabilidades, continuou a fazer brancos, tintos e espumantes da Bairrada sob a chancela Kompassus, designação inspirada no compasso das videiras. Agora juntou-se ao enólogo Anselmo Mendes, amigo de longa data, para, em conjunto, dinamizarem o projecto.

A parceria incide sobre a viticultura, a enologia e o comércio dos vinhos. Para Anselmo Mendes, esta parceria era o último passo que faltava no seu percurso pelo atlas do vinho português. Minhoto de nascença, o enólogo faz vinhos na região dos Vinhos Verdes, no Douro, em Lisboa, no Alentejo e nos Açores. E já teve uma incursão no Dão. Das grandes regiões nacionais, só lhe faltava a experiência da Bairrada, por sinal a região cujo perfil tradicional de vinho mais se aproxima do seu ideal: vinho ligado ao lugar e a práticas ancestrais, com grande capacidade de envelhecimento e marcante e singular enquanto novo, pelos seus elevados níveis de acidez e taninos (sobretudo os tintos feitos de Baga).

Este carácter bairradino, um pouco negligenciado pelo mercado interno mas muito apreciado por enófilos, sommeliers e críticos de todo o mundo, está bem expresso, por exemplo, no Kompassus Private Collection Tinto 2009 (ver notas de prova) e no extraordinário Quinta de Baixo Garrafeira 1991, um dos grandes vinhos que João Póvoa tem no seu currículo. Desse tinto, feito de Baga de vinhas velhas, ficaram algumas centenas de garrafas por rotular. Quando vendeu a quinta, João Póvoa levou-as consigo. Durante anos, andaram esquecidas na adega e foram muitas vezes sujeitas a maus tratos. Apanharam sol, chuva e algumas acabaram bebidas pelos trabalhadores rurais, que julgavam tratar-se de um vinho sem grande valor. Apesar dos tombos que sofreu, o vinho continua soberbo, como se constatou no jantar de apresentação da nova parceria, realizado recentemente em Lisboa, no restaurante O Largo.

Juntamente com os últimos Kompassus, João Póvoa deu também a provar o 1991. Após 23 anos, o vinho continua cheio de juventude e com esqueleto para durar mais algumas décadas. Tem taninos ainda arrebitados e uma frescura extraordinária. Vibrante e impositivo, deixa uma marca avassaladora na boca e na memória. São vinhos destes, quase eternos, que "fazem o prestígio de uma região", sublinhava Anselmo Mendes. Pedro Garcias

Últimos lançamentos

Kompassus Reserva Branco 2011

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Branco de Arinto (60%) e Chardonnay com estágio em madeira usada. As premissas são excelentes. A madeira, embora evidente, está bem casada e não ofusca a frescura e a vivacidade da fruta. É um vinho com boa estrutura e acidez. Delicioso o toque apimentado que se sente no final de boca. Um branco que promete (10 euros).

Eskuadro&Kompassu Espumante Bruto 2010

mmmnn

Lote de Pinot Noir, Chardonnay e Tinto Cão. Fino e expressivo no nariz, mostra um bom corpo e estrutura, com interessantes notas de fruta branca e acidez belíssima. Vale bem o que custa (5 euros).

Kompassus Espumante Rosé 2008

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Um espumante de Baga e Touriga Nacional de grande impacto. Tem um frutado exuberante, notório tanto no aroma como na boca, e uma acidez muito viva, que lhe dá frescura e expressividade. Comparado com o espumante Eskuadro&Kompassu, o preço é algo desproporcionado (12 euros).

Kompassus Private Collection Tinto 2009

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Um Bairrada de alto gabarito. Nasceu mais perfeito do que o 1991 (ver texto ao lado), pelo que já proporciona uma fantástica prova nesta fase. Também promete durar muitos anos. Exala fruta preta e especiarias. É um vinho cheio de potência e nervo, de taninos vibrantes e frescura arrebatadora. Um belo exemplo das grandes virtudes da Baga, sobretudo quando as uvas são provenientes de vinhas velhas, como é o caso (35 euros).

Kompassus Espumante Blanc de Noirs 2009

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Um grande espumante, lote de Touriga Nacional, Baga e Arinto. Tem argumentos para se bater com muitos champanhes de preço bastante mais elevado (este custa 14 euros). De aroma encantador, onde sobressaem as notas de brioche e de fruta agridoce, mostra grande delicadeza e complexidade na prova de boca. Fino e cremoso, tem um final muito longo e marcante, suportado numa acidez quase viperina.

Eskuadro&Kompassu Tinto 2010

mmnnn

Tinto de perfil internacional. Junta Baga, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Tinto Cão e Merlot. Tem frescura, fruta expressiva e taninos amigáveis. Um vinho muito guloso (4,90 euros)

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