O mais velho é arquitecto e trabalha com um amigo e o mais novo acabou de se licenciar em Engenharia Química. Mateus e Cristóvão Brandão, naturais de Santa Maria de Feira, já estão na estrada para uma aventura que os vai levar por Portugal nas próximas doze semanas.
Além da descoberta cultural que esperam fazer, Cristóvão leva na mochila cópias do seu currículo para ir entregando pelo caminho. O “timing” para esta experiência pró-activa não descura a dificuldade
O quilómetro zero da aventura dos dois irmãos foi em Guimarães, este sábado, e da Capital Europeia da Cultura 2012 Mateus e Cristóvão partiram para Cevide, no concelho de Melgaço, o ponto mais a Norte do país. Só aí, já esta segunda-feira, iniciaram a caminhada que, estimam, seja de 1.200 quilómetros.
Mateus, de 30 anos, conta que consigam fazer “20 quilómetros diariamente, numa média de quatro a cinco horas a caminhar”. Por cada quilómetro estão a pensar gastar “uns 20 cêntimos” e vão dar preferência, “sempre que possível, a estradas alternativas e municipais, para evitar grandes vias de acesso”.
A maior preparação que fizeram foi mental. O resto foi, “acima de tudo, definir uma estratégia de acção, para chegar ao maior número de pessoas e instituições”. Mateus e Cristóvão levam, além de outras coisas, uma tenda e a grande parte das noites serão passadas dentro dela. Mas, “sempre que surgir oportunidade de ficar em casa de alguém”, não vão hesitar. Bombeiros e "couchsurfing" serão, também, opções a considerar.
De Melgaço a Faro
Aos 25 anos, Cristóvão fez o último exame da licenciatura em Engenharia Química há pouco tempo e esse é o ponto de partido para esta viagem. Mateus fala do (e pelo) irmão mais novo: “As expectativas são, de facto, conseguir encontrar alguém que o pudesse empregar”. Adaptar o roteiro à localização de entidades que possam, de alguma forma, ter algo a oferecer a Cristóvão também foi uma das preocupações.
Unir os extremos Norte, Litoral e Sul de Portugal é o objectivo a que se propõem. “A ideia é fazer mais ou menos três semanas entre cada um desses pontos, mas passaremos em diversos sítios”, explica Mateus. Depois de Cevide, Paradela, Torre, Cabo da Roca e Cabo de Santa Maria, em Faro, onde os dois jovens vão entregar, ao presidente da Câmara Municipal, símbolos do país que recolham durante a jornada.
O irmão mais velho não é “marinheiro de primeira viagem”: já foi, de comboio, da Noruega à África do Sul, no projecto “De Cabo a Cabo”, durante 25 mil quilómetros. Uma outra viagem, de Portugal a Timor usando apenas a bicicleta e o comboio, está já nos planos de Mateus, apesar de não saber quando nem como a conseguirá concretizar. É que este arquitecto que passou ao irmão mais novo o gosto por viagens gostava de conciliar o estirador com os mapas. "Uma utopia", confessa.