Salários dos trabalhadores de base caem mais dos que os dos gestores
Por situações de reforma, fim de contratos laborais ou reestruturações internas, as organizações estão a substituir trabalhadores e a oferecer remunerações inferiores a quem entra para as mesmas funções.
"Desde 2009 os aumentos salariais praticados não têm sido suficientes para compensar a inflação, mas este ano verificamos que o mercado está a diminuir. O efeito de substituição [de trabalhadores] é muito significativo", diz Tiago Borges, responsável em Portugal pelos estudos salariais da Mercer, especializada em recursos humanos. Com a taxa de desemprego colada nos 15%, aumenta a pressão para reduzir os ordenados médios. Há cada vez mais pessoas sem trabalho dispostas a ganhar menos. "Os colaboradores em novas funções estão a aceitar valores de remuneração mais baixos devido ao impacto que a alta oferta de profissionais (particularmente os menos qualificados) tem na formação dos novos salários", explica Tiago Borges.
Quem mais tem sofrido com os cortes de ordenado são, por isso, os administrativos e os operacionais da indústria, funções onde as descidas médias verificadas este ano são de 1,27% e 1,80%, respectivamente. Do lado oposto estão os directores-gerais e administradores que viram o seu salário reduzir-se apenas em 0,37%. De acordo com Tiago Borges, esta diferença deve-se não só ao número de executivos disponíveis no mercado de trabalho (mais reduzido em comparação com, por exemplo, os administrativos), mas também ao tipo de vínculo contratual que têm. "Os CEO têm mais antiguidade e estabilidade dentro da empresa, contratos de longa duração, o que não acontece noutras funções. Além disso, é mais difícil substituir estes quadros por alguém com um menor nível salarial", sublinha.
Leia mais no PÚBLICO desta segunda-feira e na edição online exclusiva para assinantes