Aimar andou sempre demasiado longe de Rodrigo

Foto

1. O Celtic não tem hoje a força de há quatro e cinco anos (segue em quinto na Liga escocesa) e, mesmo assim, o Benfica não foi capaz de impor o seu jogo e entusiasmar. Mas, se for levado em conta o historial benfiquista no campo dos “católicos” e, principalmente todas as peripécias que no último mês condicionaram as opções de Jorge Jesus, o empate acaba por ser um desfecho muito positivo. E não deixa de ser muito significativo que uma equipa que perdeu a generalidade das suas unidades de cobertura defensiva não tenha permitido que os escoceses construíssem uma única verdadeira oportunidade de golo. Faltou, claro, definição, intensidade e volume ofensivo, mas isso já era pedir demasiado. Porque as adaptações posicionais roubaram muitas rotinas.

2. Jardel não é, nem nunca será, Luisão, mas ontem esteve insuperável, provando-se que o Benfica foi sagaz aos fazê-lo rodar na equipa B. E mesmo o jovem André Almeida, a surpresa guardada por Jesus, saiu-se satisfatoriamente no lado direito, onde normalmente rende menos do que no miolo. Melgarejo, esse, já começa a ser um lateral de corpo inteiro, mesmo que ontem o Celtic não lhe tenha permitido grandes aventuras ofensivas (e bem falta fizeram ao Benfica os seus habituais apoios no ataque). Matic fez de Javi García, com tudo o que se sabe que isso representa em trmos de ganhos e perdas, e Enzo Pérez de Witsel, aqui com clara desvantagem para o argentino, que não tem a agressividade nem o sentido posicional que a função exige. Mas pode melhorar.

3. Como era previsível, Jesus abdicou inicialmente de Cardozo. Preferiu adiantar Rodrigo e lançar Aimar. O problema é que este andou sempre demasiado recuado (provavelmente de propósito, para equilibrar as contas no miolo), deixando o espanhol sozinho numa luta quase sempre inglória, até porque Rodrigo movimenta-se bem melhor entre linhas e menos quando, como ontem, tem de fugir à marcação das torres inimigas. Curiosamente, Rodrigo acabou por sair do jogo quando este estava a ficar-lhe mais propício, em função do maior risco assumido pelo Celtic nos derradeiros 20 minutos.

4. O Celtic, que também acusava ausências importantes (principalmente o avançado grego Samaras) é uma equipa pouco evoluída tacticamente e o seu 4x4x2 expressa-se quase sempre no kick-and-rush (chuta e corre, numa tradução livre) que já está completamente em desuso em Inglaterra. Normalmente é forte nas bolas paras (marcou assim sete dos seus 17 golos), mas ontem só resistiu à custa do labor e poder físico do seu duplo pivot, com destaque para o queniano Wanyama, mas também para o capitão Scott Brown. Foi principalmente à custa deles que o Benfica não saiu mais feliz do Celtic Park.

5. O jogo podia ter ficado definido ao minuto 31. O lançamento de Salvio foi precioso e Rodrigo inteligente na desmarcação, embora sem conseguir lidar com a pressão do experiente Forster. O problema é que, depois, o guarda-redes abalroou o benfiquista. Era penálti.

bprata@publico.ptArtigo actualizado às 13h12, corrigindo a expressão kick and rush
Sugerir correcção
Comentar