“PSD e CDS já não dispõem de base social de apoio”

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Os portugueses "estão unidos contra o Governo", afirmou João Semedo Daniel Rocha

O PCP e o BE aproveitaram esta quarta-feira o regresso dos trabalhos parlamentares para capitalizar a contestação social ao Governo patente nas manifestações do passado sábado. Recordando os números das manifestações, exigiram a saída do Governo e a mudança das políticas impostas pela troika.

Foi o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, o primeiro a falar para declarar o divórcio entre o Governo e os portugueses. “As manifestações do passado sábado vieram confirmar que PSD e CDS não dispõem já da base social de apoio político que lhes deu a maioria.”

Por seu turno, o bloquista João Semedo recorreu à ironia para dizer o mesmo. “O primeiro-ministro pediu a unidade de todos os portugueses e, finalmente, conseguiu-o. De norte a sul do país, os cidadãos responderam-lhe. Estão unidos contra o Governo.”

O ataque às alterações à taxa social única foi a outra munição utilizada. Bernardino Soares afirmou mesmo que nem com a sua modulação esta mudança deixava de ser injusta. “Mas é ou não verdade que, com maior ou menor modulação, se trata de qualquer forma de fazer uma transferência dos trabalhadores para o capital”, perguntou o comunista, antes de acrescentar que mesmo não bastava “contestar a alteração à TSU” ou “mudar circunstancialmente de voto no Orçamento do Estado”

Semedo classificou a TSU como “um ajuste de contas, como nunca tínhamos visto em democracia, contra o direito que se pensava irredutível: o salário”.

A conclusão, perante o cenário, foi semelhante para os dois partidos. “Pôr fim ao Governo”, rematou Soares. “Só a demissão do Governo abre caminho para a escolha de alternativas”, disse Semedo já respondendo a quem defendia um novo governo de iniciativa presidencial.

Em defesa do Governo vieram dois deputados do PSD e nenhum do CDS. Adão Silva falou para dizer que o que o Executivo estava a fazer “é patriótico” e garantir que Passos Coelho tudo fará para assegurar a “manutenção desta paz social”. Carlos Abreu Amorim optou por uma abordagem mais agressiva lembrando ao BE que as manifestações “não têm dono”. E que até nem tinham a TSU como alvo. Uma manifestação “não tanto contra o Governo e a situação actual presente, mas as políticas dos últimos anos”.

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