CGTP convoca manifestação para 29 de Setembro em Lisboa

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Arménio Carlos diz que novas medidas são "brutal ataque às condições de vida dos trabalhadores Foto: Nuno Ferreira Santos

O Conselho Nacional da CGTP-IN marcou esta quarta-feira uma “Grande Jornada de Luta Nacional” para o dia 29 de Setembro, em Lisboa, em resposta às novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, fixando como objectivo encher o Terreiro do Paço “como nunca aconteceu”.

“As novas medidas são um brutal ataque às condições de vida dos trabalhadores”, salientou em conferência de imprensa o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considerando que “há um repúdio generalizado” e uma “voz unânime” dos trabalhadores da Função Pública, do Sector Empresarial do Estado e do Sector Privado sobre o pacote de medidas que integrará o Orçamento de Estado para 2013.

A CGTP já anunciara o Dia Nacional de Luta, a 1 de Outubro (data do seu 42º aniversário), e a iniciativa Marcha Contra o Desemprego, a decorrer entre 5 e 13 Outubro. Esta, com início em Braga, acabará em Lisboa nas vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, que acontecerá a 15 de Outubro.

O líder sindical apelidou as medidas anunciadas pelo Governo como “propostas miseráveis” e, apontando para a revisão da legislação laboral, Arménio Carlos acusa de estar em curso “um verdadeiro retrocesso” nos direitos dos trabalhadores.

“Está em marcha uma colonização forçada do país”, considerou, defendendo que “os trabalhadores têm que sair para a rua”.

Sob o lema “Todos a Lisboa, Todos ao Terreiro do Paço”, Arménio Carlos quer que a manifestação de 29 de Setembro “encha o Terreiro do Paço como nunca aconteceu até aqui”.

Questionado sobre a marcação de uma greve geral, o responsável disse que a CGTP pretende, primeiro, concretizar a manifestação que represente “a expressão pública do descontentamento popular”, seguindo-se, no dia 1 de Outubro, um encontro de âmbito nacional com os representantes dos trabalhadores “para decidir o que há a fazer”.

Ainda assim, admitiu que a convocação de uma greve geral “é uma hipótese a ser desenvolvida”, sublinhando que “a luta futura será tanto maior, quanto maior for a adesão à manifestação”.

Já sobre a posição hoje assumida pela UGT, que admitiu participar numa greve geral em protesto contra as medidas de austeridade avançadas nos últimos dias pelo Executivo, Arménio Carlos frisou que “é necessário haver união para demonstrar a uma só voz que é preciso acabar com esta política e com este Governo”. E realçou: “As relações com a UGT nunca foram cortadas, quanto muito, esfriaram. Mas a CGTP quer trabalhar com todos os que se disponibilizem para combater estas políticas”.

A CGTP vai, entretanto, pedir uma audiência com o Presidente da República, Cavaco Silva, com o objectivo de transmitir a sua preocupação com os impactos das novas medidas para os trabalhadores e para o país. “Queremos também dizer ao senhor Presidente da República que, com este programa da troika e estas políticas do Governo, os problemas, em vez de serem ultrapassados, vão ser cada vez maiores”.

Para Arménio Carlos, o Presidente da República “tem que se pronunciar e deve vetar politicamente estas políticas, e enviar para o Tribunal Constitucional quando sair o Orçamento de Estado” para 2013.

“Esperamos que o Tribunal Constitucional dê razão aos trabalhadores”, disse o sindicalista, que pede a queda do Executivo liderado por Passos Coelho. “Este Governo já demonstrou que não tem capacidade para resolver os problemas do país. Está a fazer uma fuga para a frente, sabendo de antemão que os resultados vão deteriorar ainda mais a situação dos portugueses”, acusou.

Finalmente, Arménio Carlos revelou que a CGTP não vai participar “formalmente” nas manifestações apartidárias agendadas para o próximo sábado, em várias cidades do país, porque não foi convidada e porque já tinha, há vários meses, um encontro nacional marcado para o dia 15 de Setembro. “Claro que os trabalhadores que assim entenderem, vão participar”, concluiu.

Notícia actualizada às 20h42
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