Intercidades da Beira Alta vão ser mais baratos e terão mais paragens

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Maior número de paragens não altera significativamente o tempo de percurso entre Lisboa e a Beira Alta NELSON GARRIDO

A partir de 16 de Setembro será mais barato viajar nos Intercidades da Beira Alta para quem entra e sai nas estações daquela linha. A CP quer aumentar a mobilidade naquele eixo e criou também um novo título mensal, designado Flexipasse, que permite viajar indistintamente nos comboios regionais e nos Intercidades.

Esta aposta no serviço às populações locais é reforçada com a paragem de todos os Intercidades em estações que até agora só eram servidas por alguns destes comboios, como é o caso de Mortágua, Carregal do Sal, Fornos de Algodres e Vila Franca dos Naves. Este maior número de paragens não altera significativamente o tempo de percurso entre Lisboa e a Beira Alta - os Intercidades passarão a demorar 4 horas e 10 minutos entre Lisboa e Guarda e 4 horas e 20 minutos na viagem de regresso.

Em contrapartida, a CP aliviou a lei de paragens dos regionais nos apeadeiros onde a procura é inferior a um passageiro diário. Nestes casos a empresa passará a assegurar apenas um comboio regional em cada sentido que viabilize a deslocação de ida e volta para Coimbra no mesmo dia. Trata-se das localidades de Trezói, Papízios, Lapa do Lobo, Contenças, Abrunhosa, Baraçal, Maçal do Chão e Sobral.

A transportadora pública diz que 86% dos seus passageiros da Beira Alta têm origem em estações que já são actualmente servidas pelo Intercidades e daí a aposta em baixar os preços destes comboios e em aumentar o número de paragens. Por exemplo, de Coimbra para Mortágua e Sta. Comba Dão, o bilhete que hoje custa 11,50 euros passará a custar 6,50 e 8,50 euros, respectivamente. Já os clientes do longo curso, que de Lisboa ou Porto rumam para aquele eixo, continuam a pagar o mesmo.

Esta estratégia de flexibilização representa um regresso ao passado, a um tempo em que a CP funcionava em rede e praticava um tarifário no qual, quanto maior fosse a viagem, menos se pagava por quilómetro percorrido.

Os novos preços para a Beira Alta não são uma novidade porque durante um século os passageiros podiam escolher as viagens de ida e volta nos horários que lhes fossem mais convenientes sem ter em conta a tipologia do comboio, nem a unidade de negócios a que este pertencia. A decisão recente de dividir os serviços em várias "mini-CP" e de segmentar um mercado já de si reduzido complicou as escolhas dos passageiros, que se vêem confrontados com preços diferentes e falta de ligações entre os comboios das várias unidades de negócios.

Com o Flexipasse (que já tinha sido implementado nas ligações de Lisboa a Évora e Beja), este problema é atenuado na Beira Alta, pois poderá agora viajar-se indiferentemente nos regionais ou nos Intercidades, o que poderá traduzir-se num aumento da procura.

A medida, porém, não é aplicada às ligações para o resto do país. Por exemplo, da Guarda para o Porto o bilhete pode custar 19,45 euros ou 23,50 euros consoante o tipo de comboios utilizado. E da Guarda para Leiria o preço é o resultado do somatório dos três comboios em que o passageiro viaja, podendo custar 17,85 euros ou 19,20 euros, sendo que, neste caso, com os transbordos, a viagem demora mais para esta cidade do que para Lisboa ou Porto.

As alterações na Beira Alta não corrigem as más ligações para a Invicta. Enquanto os clientes da CP de Lisboa têm comboios directos para aquele eixo, os do Porto têm de mudar de comboio em Coimbra ou na Pampilhosa. E pagam mais por isso.

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