Quase um milhão de portugueses não tem qualquer nível de escolaridade

Quase um milhão de portugueses não tem qualquer nível de escolaridade, alertou neste sábado uma associação dedicada à educação de adultos, defendendo que bastava uma gestão de recursos mais eficiente para melhorar a situação.

Assinala-se hoje o Dia Internacional da Alfabetização (ou Literacia), uma data que a Associação Portuguesa de Educação e Formação de Adultos (APEFA) vive com “muita apreensão” devido ao “desinvestimento financeiro e político anacrónico do Governo na educação de adultos”.

Em comunicado, a entidade aponta “uma chaga social traduzida na elevada e gravíssima taxa de analfabetismo em Portugal: 10,6% da população portuguesa sem qualquer nível de escolaridade”.

Citando dados da base de dados online Pordata, a associação refere que cerca de 49,1% da população com mais de 15 anos não possui o 9.º ano de escolaridade e 25,5% tem apenas o 1.º ciclo do ensino básico.

Para a APEFA, “não se trata de afectar mais dinheiro a este problema” para o resolver, mas sim de fazer “uma melhor e mais eficiente gestão dos recursos actualmente existentes”.

O maior envolvimento e dinamização do tecido social e a “anulação dos interesses corporativos e ´capelinhas protegidas´ no domínio da formação” são igualmente apontados como necessários.

Quanto à educação de adultos, há uma “deficiente oferta de cursos”, refere a associação, considerando “inadmissível o corte de 90% de oferta face a 2010” e a quantidade de regiões sem cobertura.

Na quinta-feira, foi divulgado um relatório elaborado por peritos europeus que fala em “crise de literacia”, porque um em cada cinco jovens europeus de 15 anos e quase 75 milhões de adultos ainda não têm conhecimentos de base para ler e escrever.

No documento são feitas várias recomendações gerais para que, em 2020, 85 por cento dos jovens europeus com 15 anos tenham melhores níveis de literacia.

Os peritos citam vários exemplos europeus de boas práticas de promoção de literacia e, entre eles, estão os projectos portugueses Novas Oportunidades, programa actualmente em risco de ser extinto, o Plano Nacional de Leitura, o projecto de promoção da leitura Cata-Livros e a organização não governamental Empresários pela Inclusão Social.

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