Variações sobre a privatização da ANA

CDS/Porto abre discussão sobre se um monopólio privado na ANA prejudica o Norte e o Algarve

O PS-Porto juntou-se às estruturas locais do CDS/PP para vituperar o modelo de privatização da ANA apresentado pelo Governo, que não difere em substância do que os socialistas tinham proposto na era de José Sócrates; o PSD, que na era Sócrates tinha encetado uma ofensiva contra a criação de um "monopólio privado", parece ter esquecido o passado e, agora no Governo, defende o que antes tinha contestado. É em ataques e retiradas como estas que se sustenta a dúvida sobre se os partidos do arco do poder têm algum pensamento estratégico sobre o país? No processo da privatização da ANA há a reconhecer um dado que muda o cenário de fundo: a troika exige privatizações capazes de gerar receitas de 5,5 mil milhões de euros e é legítimo suspeitar que a venda da ANA em bloco é a que mais receita gera para o Estado. O problema é que, como propõe o CDS do Porto, nem sempre o que é bom para o Estado é bom para o país. Para o Norte e o Algarve o ideal seria haver uma privatização aeroporto a aeroporto, o que garantiria autonomia de gestão e capacidade de concorrência com o maior aeroporto nacional, o da Portela. Foi com base nesse pressuposto que a Associação Comercial do Porto e a Universidade Católica promoveram num estudo de viabilidade, e foi com base nesta ideia que grupos privados do Norte aceitaram um repto de Sócrates e mostraram interesse no Sá Carneiro. Tal como está, o modelo da privatização da ANA poderá levar o novo accionista a centrar as suas atenções na jóia da coroa da rede e a desinvestir nos outros aeroportos. Se assim for, o aeroporto concebido para liderar o mercado do Noroeste peninsular (que já lidera) e a estratégia que, à custa das low cost, transformou a economia local, ficará irremediavelmente condenada. Se outro mérito não tivesse, os avisos do CDS/PP do Porto têm o mérito de colocar este importante tema nacional em discussão.

Agressões a polícias e vandalismo urbano

Parece caricato mas é verdade: são os guardas, da Polícia de Segurança Pública e também da GNR, que hoje se queixam de ser agredidos com frequência e de os seus agressores não terem a devida pena (nenhum deles terá sido, dizem, condenado até hoje). Se em tempos idos era a actuação da polícia que motivava queixas de cidadãos, por abuso de poder em exercício de funções, hoje são os guardas que surgem como figuras vulneráveis. Haverá, dizem as estatísticas, três polícias agredidos a cada dia que passa. A par desta situação, em que a polícia parece temer pela sua própria segurança, cresce o vandalismo urbano sem freio nem medida, com destruição de equipamentos públicos que, em última análise, serão sempre pagos pelos cidadãos, que é a quem o Estado sempre recorre pela via única dos impostos. Num e noutro caso, a bem das populações, as coisas deviam ser postas no devido lugar. Mas é preciso que a justiça funcione.

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