UGT: com a troika em Portugal, o país deve dizer que não aceita “mais austeridade”

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Foto: Daniel Rocha

“Se há condicionantes que mudaram [desde a assinatura do memorando de entendimento], nós devíamos ser capazes de mudar e, neste momento em que está cá a troika temos que dizer claramente que não podemos aceitar mais austeridade”, afirmou.

O dirigente sindical discursava na Universidade de Verão do PS, a decorrer em Évora, onde aproveitou para dizer que “é fundamental que haja uma dilação” do programa de assistência financeira a Portugal.

Segundo Proença, “nada implica que haja um aumento da carga fiscal, uma redução de salários ou qualquer outra medida que vá reduzir ainda mais o crescimento económico e aumentar o desemprego”.

Ao analisar um eventual cenário de saída do país do euro, o secretário-geral da UGT alertou para as consequências.

“Não é o problema de ter uma moeda diferente. É que, no dia em que sair, o país fica muito mais pobre”, frisou.

Aí, acrescentou, “o desemprego explode e, de facto, não há financiamento para a economia, não há financiamento para a sociedade”.

Provavelmente, disse João Proença, o país irá, então, atravessar “aquele problema que Mário Soares teve nos anos 80, quando teve que recorrer ao FMI, de não haver dinheiro nos cofres para comprar alimentos e petróleo”.

“Essa é que nós devemos ter presente, não é o facilitismo de dizer que saímos ou entramos, é quais são as consequências das nossas decisões”, argumentou.

Actualmente, lembrou, “o que se discute é se a Grécia tem ou não condições para continuar na moeda única e o que os gregos lutam, e lutam valentemente, é para continuar na moeda única”.

“A moeda única tem problemas, com certeza. Mas o problema não é deixarmos de ser membros da UE, o problema não é sairmos do euro. Do euro saímos se formos forçados a sair”, sustentou.