Lisboa: centro de saúde da Boavista pronto há seis meses continua fechado

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Câmara teme o encerramento de duas extensões de saúde no concelho Joana Freitas/Arquivo

O centro de saúde da Boavista, em Lisboa, continua por abrir seis meses após a conclusão das obras, mesmo depois de o ministro da Saúde ter anunciado em Junho que a abertura estava para breve. Os moradores do bairro exigem explicações.

As obras da Unidade de Saúde Familiar da Boavista ficaram concluídas em Fevereiro, após um investimento de cerca de 800 mil euros. Porém, seis meses e “várias desculpas” depois – desde a falta de médicos, às falhas de abastecimento de água e electricidade – as instalações continuam fechadas.

“A informação do presidente da câmara é de que houve uma reunião com os ministros da Saúde e dos Assuntos Parlamentares para que fosse aberto rapidamente. Passaram dois meses dessa reunião e ainda não abriu. A população está à espera com um grande descontentamento”, disse ontem à Lusa a presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Inês Drummond.

No final de Junho, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, acompanhado pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, assegurava aos jornalistas que bastava resolver um “problema de ligação à EDP” para abrir o centro de saúde, depois de uma visita às obras de uma nova unidade no Martim Moniz.

Inês Drummond descreveu que o atraso na abertura tem levado a alguma degradação do equipamento, que “está ao abandono e cheio de lixo”, situação que considerou “completamente inaceitável”.

Criticando ainda que as entidades responsáveis pelo centro “não prestem qualquer resposta ou previsão da abertura”, a autarca socialista apelou a que fossem prestados esclarecimentos para “serenar os ânimos” dos moradores do bairro da Boavista.

“É uma falta de respeito pela população. Não aparece ninguém a dar a cara e a explicar o que é que se passa”, considerou a autarca.

Farmácia em risco de fechar

O vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro da Boavista, Joaquim Sousa Pinto, disse à Lusa que as pessoas estão revoltadas e que “se chegam a rir das promessas do senhor ministro da Saúde”, porque “vêem um edifício bonito que dia após dia se está a estragar e que é vandalizado por miúdos”.

O representante dos moradores afirmou ainda que foram feitos vários pedidos de esclarecimento à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) e à Câmara de Lisboa, que ficaram sem resposta. Joaquim Sousa Pinto teme que a abertura do centro de saúde seja feita apenas no próximo ano.

“É para inaugurar para as eleições. É isso que vai acontecer e é isso que a gente não pretende. Precisamos que seja aberto já”, sublinhou o morador.

A presidente da junta alerta ainda para o caso da farmácia local, que “tem feito o esforço de não encerrar portas na expectativa da abertura do centro de saúde”, mas que com “os prejuízos a acumularem-se, poderá encerrar portas”, o que seria “uma desgraça completa para o bairro”.

Contactada pela Lusa, fonte da ARS-LVT disse que o atraso se mantém devido a um problema com a EDP e que, depois de ter sido assinado o contrato de prestação de electricidade, o contador será instalado nesta quinta-feira.

A partir da instalação, a ARS pretende marcar uma reunião com a junta de freguesia e a associação de moradores para acordar uma data de abertura, indicou a mesma fonte.

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