Londres reajustou-se para a maior edição de sempre dos Paralímpicos

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Simon Richardson, duas vezes campeão paralímpico no ciclismo, acendeu a chama no País de Gales Foto: Ben Birchall/AFP/LOCOG

Seja em número de participantes ou de espectadores, a capital britânica prepara-se para bater recordes. Portugal, que compete com 30 atletas em cinco modalidades, carrega "esperança" em bons resultados. Os Jogos Paralímpicos começam nesta quarta-feira.

Passaram 17 dias desde o final dos Jogos Olímpicos organizados por Londres. A capital britânica encerrou, com um inquestionável sentimento de dever cumprido, a 30.ª edição da maior competição multidesportiva do mundo. Após este período de descanso (e de intensos trabalhos de preparação), Londres prepara-se para acolher agora os 14.ºs Jogos Paralímpicos.

A cerimónia de abertura terá por tema o "Enlightenment" (Iluminismo) e vai levar ao Estádio Olímpico mais de 3000 voluntários, a que se junta uma centena de crianças e outros tantos participantes profissionais. "O mote é este extraordinário período da história europeia e a grande revolução intelectual que teve lugar", sublinhou Sebastian Coe, responsável pelos Jogos.

"Os Jogos Paralímpicos estão a ser muito vividos pelos londrinos", notou ao PÚBLICO o chefe da missão portuguesa, Carlos Lopes. Na opinião do ex-atleta e actual vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal, Londres representará mais uma etapa no processo de afirmação do desporto paralímpico. "É algo que se verifica desde Barcelona [1992] ou mesmo Seul [1988]", disse Carlos Lopes, notando a maior visibilidade do evento.

Em Pequim 2008 foram batidos vários recordes, desde o número de atletas ao de espectadores. Registos que deverão ser quebrados em Londres: na capital chinesa estiveram 3951 atletas, contra os 4200 que participam na presente edição (o número de modalidades, 20, mantém-se). E o evento de Pequim foi transmitido para 80 países, num total de 3,8 mil milhões de espectadores. O comité organizador de Londres 2012 assinou nos últimos dias mais acordos, ampliando para 100 o número de países abrangidos.

O processo de transformação da Aldeia Olímpica em Aldeia Paralímpica demorou cinco dias. Mas as mudanças não foram assim tão profundas. "A Aldeia não teve de ser "paralimpificada", porque foi pensada de raiz. As casas de banho, a sinalética, o pavimento privilegiaram a acessibilidade desde o início", vincou o director de integração paralímpica, Chris Holmes. Houve mudanças nos recintos, a que foram acrescentados lugares para cadeiras de rodas: no estádio, por exemplo, são agora 568 contra os 394 disponíveis durante os Jogos Olímpicos.

"Quota muito apertada"

Portugal participa com 30 atletas em cinco modalidades nos Jogos Paralímpicos de Londres – uma participação mais reduzida que a de Pequim, com 35 representantes. Tal prende-se com as quotas atribuídas pela organização, porque há atletas com mínimos de qualificação que não estarão na capital britânica. "Pela primeira vez, atletas com mínimos A, os mais exigentes, ficaram em casa, porque a quota de participação é muito apertada. Os que estão em Londres são, efectivamente, os melhores", vincou Carlos Lopes. "Tínhamos 12 atletas (nove do atletismo e três da natação) que fizeram mínimos", mas não participam nos Jogos, explicou.

"Há fundadas esperanças de obter bons resultados, mas sabemos que as competições são imprevisíveis", acrescentou Carlos Lopes sobre a possibilidade de obtenção de medalhas. "Temos atletas que, se as coisas correrem bem, poderão chegar a um pódio." Há quatro anos, os atletas portugueses trouxeram sete medalhas (uma de ouro, quatro de prata e duas de bronze).

Carlos Lopes sublinhou ainda o facto de, pela primeira vez, o projecto de preparação ter sido negociado a quatro anos. "Essa estabilidade foi importante para os atletas." O valor total ultrapassou os dois milhões de euros, uma verba superior em mais de 50% à disponibilizada para Pequim 2008.

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