Convocada manifestação anti-troika com passagem frente à representação do FMI

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Foto: Nuno Ferreira Santos

Um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos apelou hoje a uma manifestação em Lisboa em 15 de Setembro, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.

O apelo dirige-se “a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias”, que concordem com as preocupações nele expressas.

A iniciativa surge na véspera do início, amanhã, do quinto exame regular trimestral à execução do programa acordado pelo país na Primavera do ano passado como contrapartida de um empréstimo de emergência de 78 mil milhões de euros da troika Comissão Europeia-BCE-FMI, para evitar que o país tivesse de incumprir pagamentos ou sair do euro.

A manifestação realiza-se no dia 15 para coincidir com uma manifestação idêntica marcada para a capital espanhola. Vai partir da Praça José Fontana, passará pela Maternidade Alfredo da Costa e também pela representação técnica do FMI em Portugal, na Avenida da República, onde poderá terminar, segundo disse ao PÚBLICO uma das subscritoras do apelo, Magda Alves, explicando que o trajecto ainda não está completamente definido.

Contestam a “aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde (...), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações” e queixam-se de que, ao fim de mais de um ano com o programa da troika em vigor, “as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores”.

Entre os subscritores, alguns dos quais já participaram em mobilizações anteriores, encontram-se vários activistas de movimentos feministas, aos problemas da precariedade laboral, da imigração e da cultura, disse ainda, Magda Alves, que é também activista feminista.

“Este pequeno grupo de pessoas quer ser o início de um processo para ampliar a contestação e ganhar força para obrigar a pensar sobre outro paradigma”, disse ainda Magda Alves. Defendem alternativas “que partam da mobilização das populações” dos países que, “reféns da troika e da especulação financeira, perdem a soberania e empobrecem, assim como de todos os países a quem se impõe este regime de austeridade”. E pedem a “gregos, espanhóis, italianos, irlandeses, portugueses e todas as pessoas” que se “juntem, concertando acções, lutando pelas suas vidas e unindo as suas vozes”.

Entre os subscritores da iniciativa estão também Mariana Avelãs, da Iniciativa por uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública e que fez parte da ATTAC, os jornalistas Nuno Ramos de Almeida e Sandra Monteiro (directora da edição portuguesa de Le Monde Diplomatique), a actriz Joana Manuel e a activista LGBT Fabíola Cardoso.

Notícia corrigida às 19h45: Acrescentou-se o nome completo da praça de onde vai partir a manifestação
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