Espanha estará a negociar resgate financeiro com autoridades europeias

Foto
Foto: Georges Gobet/ AFP Photo

O Governo espanhol tem estado a discutir com as autoridades europeias um pacote de ajuda que lhe permita aliviar a pressão dos mercados e os níveis elevados de juros que tem de pagar para se financiar, avançou ontem a Reuters.

Apesar de muito cautelosa, a notícia da agência refere que o cenário em discussão aponta para que o fundo de socorro do euro (EFSF) compre dívida espanhola no mercado primário (os leilões de dívida realizados pelos Estados) e que o BCE adquira obrigações do país vizinho no mercado secundário, onde os investidores trocam os títulos que compraram em leilões.

Esta acção conjugada, que iria pressionar os juros espanhóis em baixa, exigiria, no entanto, que Madrid solicitasse formalmente ajuda aos seus parceiros europeus.

A Reuters afirma que as negociações começaram há várias semanas, mas acrescenta que os passos dados são ainda tímidos e não há sequer um valor em cima da mesa quanto à dimensão do resgate financeiro que a Espanha irá pedir. A agência refere que uma das fontes de alto nível consultadas garante não ter conhecimento das negociações, mas há outras três que asseguram a existência das conversas.

Recentemente, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, revelou que o banco está disponível para comprar dívida dos países em dificuldade, mas alertou que isso passaria pelo pedido de apoio explícito ao fundo de socorro do euro e envolveria condições expressas para o saneamento das finanças públicas do estado em causa.

O Governo espanhol, que não quis comentar a notícia da Reuters, está entretanto a colocar no terreno a legislação decorrente do acordo para o resgate do sistema financeiro, que pode chegar aos cem mil milhões de euros.

Um dos diplomas, ontem conhecido, determina que os bancos têm de aumentar, até ao final do ano, o seu nível de solvência de 8% para 9%, uma percentagem que até agora era exigida apenas aos cinco maiores (Santander, BBVA, Banco Popular, La Caixa e BFA-Bankia).

As novas regras prevêem que o Banco de Espanha possa intervir de urgência em entidades que, apesar de cumprirem os rácios estabelecidos, dão mostras de fragilidade e de incapacidade para manterem o rumo. O supervisor ficará, igualmente, com competência para supervisionar a exposição da banca ao sector imobiliário, que ultrapassou os níveis aconselháveis, nos últimos anos, e acabou por conduzir à actual crise.

Sugerir correcção
Comentar