Juros de dívida portuguesa continuam em queda para níveis anteriores à intervenção da troika

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Foto: Andrea Comas/ Reuters (arquivo)

Os juros da dívida portuguesa nos mercados secundários continuavam nesta quarta-feira a queda pronunciada que têm registado desde o final de Julho, tal como acontece com a dívida de Espanha e Itália, após o presidente do BCE ter sinalizado uma intervenção nos mercados.

As taxas implícitas às transacções com obrigações portuguesas a dez anos (prazo de referência nos mercados) recuavam para 9,189% pelas 10h15 desta quarta-feira, uma forte queda desde os 11,365% registados a 26 de Julho, segundo dados da agência Reuters.

No caso das obrigações a cinco anos, os juros implícitos caíam hoje para 7,838%, face a 10,688% a 30 de Julho. Nos títulos a dois e a um ano, a queda era para 4,762% e 2,197%, quando nos respectivos picos em Julho – durante o auge da incerteza sobre a situação de Espanha – eram de 8,21% e 3,377%.

Para os prazos abaixo de dez anos, os valores de hoje estão em níveis inferiores aos do pedido do empréstimo de emergência à troika, no início de Abril do ano passado. A dez anos, os 9,189% de hoje eram o valor mais baixo desde Maio de 2011.

Esta forte queda dos juros implícitos às transacções com obrigações portuguesas significa que o seu preço tem vindo a aumentar e deverá ser reflexo sobretudo da expectativa sobre as modalidades de actuação do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados de dívida soberana dos países que tenham pedido resgates aos fundos de estabilidade europeus, as quais estão em estudo, conforme anunciou o seu presidente no início do mês.

Alguns dias antes, Mario Draghi tinha feito uma declaração em Londres dizendo que o BCE faria o que fosse necessário para salvar o euro e que isso seria suficiente. Nessa altura, os juros da dívida de Espanha a dez anos estavam a disparar bem acima do limiar psicológico dos 7%, e os da Itália também escalavam. Desde logo, os juros da dívida destes dois países entraram em forte queda, que foi interrompida após o anúncio do BCE no início deste mês, que no imediato foi mal recebida pelos mercados, por implicar que os governos de Espanha e Itália se submetam a programas do tipo dos da troika. No entanto, depois retomaram a trajectória de descida continuada.

Perto das 10h30 de hoje, os juros implícitos das obrigações espanholas a dez anos estavam em 6,187%, face a 7,592% a 24 de Julho; no caso de Itália, eram de 5,591% hoje, face a 6,579% na mesma data, também segundo a Reuters. No caso da Irlanda, a situação é diferente, pois os seus juros a dez anos caíram a pique em Junho, quando estavam em 7,231%, e têm oscilado em torno de 6% desde o início deste mês.

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