Sindicato da Construção diz que lay-off na Tecnovia dura seis meses

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Alguns trabalhadores poderão ser chamados pela empresa se avançarem obras de requalificação de algumas estradas e obras de arte Foto: Lionel Balteiro

Os cerca de 330 trabalhadores afectados pelo lay-off na empresa Tecnovia terão os seus contratos suspensos durante seis meses, afirmou hoje o presidente do Sindicato da Construção de Portugal, que pediu uma audiência urgente ao primeiro-ministro.

Falando à saída de uma reunião com a administração da Tecnovia, na sede da empresa, em Porto Salvo, Albano Ribeiro adiantou ter pedido na segunda-feira uma reunião “com carácter de urgência” com Pedro Passos Coelho para evitar uma “revolta social” dos trabalhadores no sector.

Salientando que os trabalhadores afectados pela suspensão temporária do contrato de trabalho vão perder “um terço do ordenado”, o dirigente sindical explicou que o lay-off na Tecnovia se deve à paragem das obras nas concessões rodoviárias do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral.

A empresa fez saber na segunda-feira que o lay-off vai abranger “cerca de 330 trabalhadores”.

“Na reunião foi-nos dito que os trabalhadores estarão nesta situação durante um prazo de seis meses. Esta empresa vive uma situação muito dramática, uma vez que poderá cair, a curto prazo, de uma facturação mensal de oito milhões de euros para um milhão de euros, sendo que os encargos fixos mensais são de dois milhões de euros”, afirmou.

Se tal acontecer, Albano Ribeiro prevê que mais trabalhadores poderão ser afectados pelo lay-off, uma situação que classifica como “insustentável”.

“Nunca na fileira da construção e obras públicas houve uma situação tão dramática, por isso já pedimos ontem [segunda-feira] ao primeiro-ministro uma reunião com carácter de urgência para evitar a revolta social dos trabalhadores”, disse.

O dirigente sindical apontou ainda o dedo ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que acusa de estar a tentar “varrer” o sector. “Ele é tão insensível e tem tanta falta de respeito pelo ser humano que deve ser demitido pelo primeiro-ministro”, sustentou.

Albano Ribeiro disse, contudo, que da reunião com a administração da Tecnovia resulta também que alguns trabalhadores afectados pelo lay-off poderão, entretanto, ser chamados ao trabalho, caso avancem as obras de requalificação de algumas estradas e obras de arte.

Com 720 trabalhadores em Portugal e 137 em Moçambique, Angola, Cabo Verde e Marrocos, a Tecnovia confirmou, numa nota divulgada na segunda-feira, o recurso ao lay-off “em virtude de motivos e circunstâncias de natureza económica, de mercado e estruturais”.

A empresa já tinha justificado a decisão com “o actual desajustamento entre as obras em carteira e a capacidade instalada da empresa, decorrente essencialmente da acentuada diminuição do investimento público, da continuada redução do número de concursos públicos abertos e adjudicados e da suspensão dos trabalhos nas subconcessões do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral”.

Por isso, informou ainda a Tecnovia, a decisão de “reduzir ou suspender a prestação de trabalho do referido universo de trabalhadores” tornou-se “inadiável”, embora se trate de uma medida temporária, já que a empresa prevê “o reforço da carteira de encomendas, sobretudo no mercado internacional”.

O grupo é constituído pela Tecnovia SGPS, Tecnovia Madeira, Tecnovia Açores, Tecnovia Angola, T-Internacional Marrocos, Tecnovia Brasil, Tecnovia Ambiente, Tecnovia Parques e Tecnovia Cabo Verde.

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