Exibição amorfa do FC Porto termina com novo tropeção em Barcelos

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Lucho González Paulo Cunha/AFP

Domínio territorial intenso, mais posse de bola, uma avalanche de cantos, alguns remates perigosos, mas pouco futebol. O FC Porto entrou com o pé esquerdo na Liga 2012-13 ao ceder um empate sem golos em Barcelos, num jogo em que os “dragões” foram demasiado apáticos frente a um Gil Vicente pouco perigoso no ataque, mas muito rigoroso defensivamente.

Oito meses depois, o FC Porto regressou ao estádio onde, na última temporada, sofrera a única derrota no campeonato e voltou a dar-se mal. A equipa de Vítor Pereira apresentou sempre um futebol demasiado lento, sem criatividade e pareceu acreditar que, tal como tinha acontecido na semana passada, na Supertaça, contra a Académica, o golo acabaria por aparecer. No entanto, desta vez, os gilistas seguraram um empate que penaliza a falta de ambição “azul e branca”.

Como era previsível, Hulk surgiu num “onze” que não apresentou qualquer surpresa. Sem Álvaro Pereira, que já é uma carta fora do baralho portista, e sem Rolando, que, ao que tudo indica, também não entra nas contas de Vítor Pereira, Mangala voltou a surgir na esquerda da defesa. E a inépcia ofensiva dos campeões nacionais também passou por aí. Tal como acontecia na época passada com Maicon, quando foi deslocado para a direita, o francês cumpre atrás, mas não consegue dar profundidade ofensiva. Contra equipas como o Gil Vicente, de tracção bem atrás, o FC Porto acaba por sentir dificuldade com essa opção.

No meio-campo, confirmou-se o regresso de Moutinho e, no ataque, a dupla colombiana James
Jackson teve pela primeira vez a companhia de Hulk. O ponta-de-lança, único reforço portista em campo, esteve quase sempre escondido do jogo e só aos 88’ causou perigo para Adriano.

O Gil Vicente, apesar de continuar sem perder com os “grandes” em Barcelos desde que regressou à Liga, deixou a sensação de que esta será uma época complicada para Paulo Alves. Os gilistas mostraram qualidade a defender — Cláudio continua a ser o patrão da defesa e Adriano dá garantias na baliza —, mas na saída para o ataque faltam jogadores como Hugo Vieira. Com o reforço brasileiro Ramazotti indisponível, Paulo Alves apostou em Rafael Silva, mas o resultado não foi positivo.

Numa tarde de muito calor em Barcelos, os portistas desde cedo mostraram que o objectivo era suar o mínimo possível. O primeiro remate surgiu apenas aos 19’ (canto de Moutinho, disparo de Lucho) e esse seria o primeiro sinal do que aconteceria durante todo o jogo: perigo para os gilistas apenas na sequência de bolas paradas ou remates de longe. Na única jogada com princípio, meio e fim dos “azuis e brancos” na primeira parte, a bola até entrou na baliza, mas Lucho estava fora de jogo. Para além disso, dois remates de Hulk aos 39’ e 40’ e, sem surpresa, o intervalo chegava com um justo zero dos dois lados.

O descanso não mudou nada. Os portistas voltaram a entrar amorfos (o primeiro remate, por Hulk, apenas surgiu aos 56’) e Vítor Pereira, a meia hora do fim, trocou Fernando e Mangala por Kléber e Alex Sandro. Com o defesa em campo, o FC Porto ganhou mais profundidade na esquerda, mas o avançado não trouxe nada de novo.

As substituições resultaram em mais espaço para o Gil Vicente contra-atacar e a bola começou a surgir mais vezes na área de Helton, mas quase sempre sem grande perigo. Do outro lado, Hulk tentou um remate cruzado (69’) e Jackson apareceu em campo aos 88’ para obrigar a Adriano à defesa da tarde. Muito pouco, no entanto, para o detentor do título.


Positivo

Cláudio
Aos 35 anos, o defesa central de São Gonçalo, que cumpre a 14.ª época em Portugal, continua a ser o patrão da defesa do Gil Vicente. Ganhou claramente o duelo com os avançados do FC Porto e foi fundamental para o rigor defensivo da equipa.

Adriano
O guarda-redes brasileiro teve menos trabalho do que, provavelmente, estaria à espera, mas sempre que foi necessário respondeu com qualidade, realizando um par de defesas de qualidade.

Negativo

Jackson
Em Aveiro, na Supertaça, esteve discreto até ao último minuto, altura em que mostrou instinto de matador e deu o primeiro troféu da época aos portistas. Em Barcelos voltou a esconder-se em demasia. Apenas aos 88’, com um remate de cabeça, causou perigo para ?a baliza de Adriano.


Notícia actualizada às 21h45

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