Economia recua 3,3%, o pior resultado desde 2009

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A procura interna continua a penalizar o PIB Foto: Adriano Miranda

A economia portuguesa sofreu uma contracção de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano face ao primeiro, encolhendo 3,3% face ao segundo trimestre de 2011, revelou esta terça-feira o INE numa estimativa rápida das contas nacionais.

Sem que se possa considerar surpreendente, a queda do produto resulta sobretudo do comportamento da procura interna, que foi ainda mais negativo do que no primeiro trimestre, sobretudo devido à quebra mais acentuada do investimento.

A queda homóloga (face ao mesmo trimestre ano anterior) do PIB divulgada pelo INE é a maior registada desde 2009 e a queda em cadeia (face ao trimestre precedente) a segunda maior em quase dois anos consecutivos de recessão nacional.

O INE assinala que uma “diminuição mais intensa das importações de bens e serviços” contribuiu positivamente para a procura externa e para a variação homóloga do PIB, pois “as exportações de bens e serviços desaceleraram”.

A recessão do ano passado revelou-se agora ligeiramente pior do que se pensava, pois o INE reviu em baixa a queda do PIB de 2011, que passou de 1,6% para 1,7%.

A economia portuguesa sofreu já sete trimestres consecutivos de queda do PIB, com valores que oscilam entre -0,1% no primeiro trimestre deste ano (quando se podia supor que a recessão estava a tornar-se menos intensa) e -1,4% no último trimestre do ano passado (valor revisto em baixa face aos -1,3% antes divulgados).

A recessão tinha-se intensificado nos meses em que se sentiu o efeito do imposto especial que foi cobrado com o subsídio de Natal da maioria dos trabalhadores, e agora agravou-se de novo.

Exportações no centro das atenções

“Era expectável que a contracção no segundo trimestre fosse mais intensa, visto que no primeiro trimestre houve um movimento de correcção na recomposição de stocks, cuja variação tinha sido bastante negativa no final do ano passado”, explica ao PÚBLICO Paula Carvalho, economista do BPI. Além disso, salienta a responsável, os dados do comércio internacional do INE mostram que houve uma desaceleração das exportações no segundo trimestre.

O departamento de estudos económicos do BPI diz que se mantém confortável com a sua previsão para o conjunto do ano – uma contracção do PIB de 3%, em linha com o previsto pelo Governo. No entanto, avisa que esta evolução “está muito dependente da conjuntura externa”, visto que o “andamento das exportações tem sido fundamental para evitar uma recessão pior”.

“As exportações continuam a ser o motor da economia, mas a nossa dependência delas comporta riscos”, salienta, por sua vez, Filipe Garcia, economista da consultora Informação de Mercados Financeiros (IMF). Com 75% das nossas vendas ao exterior dirigidas à zona euro e 24% concentradas em Espanha, Portugal tem “um risco adicional ao crescimento económico no resto do ano”.

Além disso, o responsável da IMF destaca a queda do investimento, que atribui a dificuldades de liquidez e financiamento das empresas nacionais. “Se as empresas não conseguem investir por dificuldades de liquidez, vão ter problemas no médio prazo, que podem gerar dados estruturais no aparelho produtivo nacional e na economia”, avisa.

Notícia actualizada às 12h39

com declarações de analistas

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