Liga dos Bombeiros concorda com nova avaliação face a “falhas” da Protecção Civil

Para o presidente da LBP, Jaime Marta Soares, a ANPC “apresenta um relatório que mais não é do que um conjunto de folhas dactilografadas, sem conclusões, recomendações, sem uma avaliação pormenorizada a um incêndio que mereceria um maior rigor e um maior cuidado”.

À agência Lusa, o dirigente da LBP disse que o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, “fez muito bem pedir a uma entidade, a uma universidade, a um professor altamente credenciado nestas matérias para que efectivamente fizesse um inquérito rigoroso”.

A Autoridade Nacional da Protecção Civil, advogou, “não fica muito bem neste processo (...), está todos os dias a presentear-nos com um conjunto de falhas que são preocupantes”.

O ministro da Administração Interna determinou hoje, por despacho, que a avaliação do incêndio, em Julho, na Serra do Caldeirão, entre Tavira e São Brás de Alportel, seja feita por uma entidade independente, já que o relatório apresentado na sexta-feira pela ANPC “não apresenta recomendações, nem eventuais medidas correctivas a adoptar em ocorrências similares”.

O trabalho, a entregar ao ministro até ao fim de Setembro, será coordenado pelo investigador e docente Domingos Xavier Viegas, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial e responsável pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Lousã.

A equipa deverá efectuar a “análise do dispositivo de intervenção e estratégia de atuação no incêndio Tavira/Cachopo/Catraia, ocorrido entre 18 e 21 de Julho”, formulando “recomendações e eventuais medidas correctivas a adoptar no futuro”.

O despacho do ministro, a que a Lusa teve acesso, é conhecido dois depois de a LBP ter apresentado a Miguel Macedo o seu próprio relatório, que concluiu que “houve falhas graves na estratégia e coordenação”.

Para o PS, o pedido de um segundo relatório sobre o incêndio no Algarve “fragiliza claramente” a estrutura de comando da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

A Autoridade Florestal Nacional estima que o incêndio no Algarve, entre 18 e 22 de julho, consumiu uma área aproximada de 23.958 hectares, traduzindo-se em cerca de 21.562 hectares de espaços florestais.

O pedido do relatório à Autoridade Nacional de Protecção Civil sobre o que aconteceu no incêndio na região do Algarve surgiu depois de várias críticas feitas à forma como os meios de combate actuaram, com o comandante operacional do Comando Nacional de Operações e Socorro, Vítor Vaz Pinto, a admitir que “houve falhas” no combate às chamas que lavraram durante quatro dias na Serra do Caldeirão.

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