Relatório sobre fogo do Algarve sem conclusões

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Incêndios estão a lavrar em zonas de mato sem ameaçar habitações Francisco Leong/AFP

A Protecção Civil não faz qualquer avaliação da forma como foi combatido um dos maiores fogos de que há memória no país.

O relatório sobre o incêndio que devastou durante quatro dias a serra do Caldeirão, no Algarve, no final de Julho, não apresenta conclusões, nem uma avaliação crítica da forma como o fogo foi combatido. O documento foi entregue em mão ontem pelo presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), o general Arnaldo Cruz, ao ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que tinha pedido até ontem um relatório pormenorizado sobre o incêndio. O seu conteúdo só deve ser conhecido para a semana.

"Não faz sentido haver conclusões, nem uma avaliação crítica. Não nos vamos auto-avaliar", adiantou uma fonte da ANPC. A ideia era repetida por outro responsável da autoridade. O relatório, que foi elaborado por dois adjuntos do Comando Nacional de Operações de Socorro, é uma descrição factual do que ocorreu entre 18 e 21 de Julho. São relatados de forma sequencial os meios materiais e humanos activados e justificadas as opções operacionais tomadas. No documento estão vertidas informações recolhidas junto de dezenas de pessoas, entre comandantes de bombeiros, pilotos dos meios aéreos, responsáveis do Grupo de Protecção e Socorro da GNR e de outras forças que estiveram no terreno.

"O ministro vai ler o relatório provavelmente durante o fim-de-semana e antes de segunda-feira não se pronunciará sobre ele", assegura a assessora de imprensa do ministério, Carla Aguiar. Miguel Macedo comprometeu-se a enviar o documento para a Assembleia da República quando esteve a ser ouvido na comissão parlamentar de Agricultura e Mar na sequência de um requerimento apresentado pelo PCP. O ministro disse então que o relatório tinha de "servir para tirar conclusões para o futuro e anotar as imperfeições, a começar por aqueles que têm a responsabilidade técnica". Contudo, não deve ser feita qualquer alteração na estrutura operacional da ANPC antes do fim do período mais crítico dos fogos, que termina a 30 de Setembro.

O incêndio do Algarve está entre os maiores fogos florestais de sempre em Portugal, estimando a Autoridade Florestal Nacional que terá consumido uma área aproximada de 24 mil hectares, cerca de 21.562 dos quais em espaços florestais.

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