Batalhão de ursos de peluche derrotou militares na Bielorrússia

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A avioneta estava carregada com cerca de 800 ursinhos de peluche DR

Os bonecos chegaram de pára-quedas e traziam cartazes a defender a liberdade de expressão. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, não gostou do desafio e demitiu dois chefes militares.

Nem mails de protesto, nem campanha na Internet, nem discursos contra aquela que a União Europeia considera a última ditadura da Europa. O que dois activistas suecos se lembraram de fazer foi um protesto mais original. Carregaram uma avioneta ligeira de ursinhos de peluche, levantaram voo, atravessaram a fronteira para a Bielorrússia e despejaram a sua carga.

O protesto aconteceu a 4 de Julho, mas foi negado pelas autoridades da Bielorrússia durante muito tempo e só agora teve consequências. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, demitiu dois generais – o chefe do comité de controlo da fronteira, Igor Rachkovsky, e o chefe da força aérea e da defesa antiaérea, Dmitri Pajmelkin, por não garantirem a segurança nacional. Também deu uma reprimenda a outros responsáveis militares por não terem interceptado o aparelho e chegou a perguntar-lhes “De que lado estão?”

Já nesta quinta-feira deu ordens aos novos guardas da fronteira para que sejam usadas armas contra qualquer invasão estrangeira. “As violações de fronteira devem ser impedidas por todos os meios, incluindo armas”, ordenou.

Os ursinhos de peluche, cerca de 800, eram mais do que presentes para as crianças da Bielorrússia. Traziam cartazes onde se lia “Liberdade de expressão, já” ou “”Apoiamos a luta dos bielorrussos pela liberdade de expressão”. As imagens circularam no YouTube e negaram a versão oficial. A avioneta sueca tinha mesmo levantado voo na Lituânia e atravessado a fronteira para uma chuva de ursinhos que acabou por acontecer já não muito longe da capital, Minsk. As agências noticiosas russas noticiaram depois que a tripulação era composta por dois funcionários da empresa de relações públicas sueca Studio Total.

Os autores do protesto foram depois identificados como sendo os suecos Thomas Mazetti e Hannan Frey, que dizem ter querido manifestar a sua solidariedade para com os dissidentes bielorrussos. A ideia de usar bonecos também não é nova e já chegou a ser usada na Bielorrússia, onde em várias ocasiões já foram deixados brinquedos no lugar onde tinha sido marcada uma manifestação através das redes sociais.

O protesto fez lembrar o arrojo do alemão Mathias Rust, que em plena Guerra Fria desafiou a defesa antiaérea russa e aterrou em plena Praça Vermelha de Moscovo, em 1987. Desta vez os ursos de peluche foram filmados e fotografados e o regime de Lukashenko, no poder desde 1994, não deu sinais de complacência e já deteve dois cidadãos acusados de colaborar com esta iniciativa, que ainda não foram formalmente acusados, adiantou o El País. Antón Suryapin, um estudante de jornalismo que divulgou as imagens, e Serguei Bashrimov, um agente imobiliário de Minsk, poderão agora ser condenado a sete anos de prisão.

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