Passos confirma que intercedeu junto do Governo angolano na venda do BPN

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Passos recusou que a venda do BPN ao BIC tenha feito parte das conversas mantidas em Angola durante a visita ao país em Novembro Foto: Miguel Manso

O primeiro-ministro português confirmou que em Novembro de 2011 intercedeu junto do Governo de Angola para que este convencesse o presidente do BIC a regressar a Lisboa e, eventualmente, retomar as negociações para a compra do BPN.

A confirmação desta intervenção é feita nas respostas que Passos Coelho enviou hoje aos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao BPN, a que a Lusa teve acesso, a propósito da compra do BPN (nacionalizado em 2008) pelo Banco BIC, o que viria a acontecer já este ano por 40 milhões de euros.

O governante disse que teve duas reuniões com responsáveis do BIC, a 23 e 28 de Novembro de 2011 e que na reunião de 23 de Novembro com Mira Amaral, realizada a pedido do primeiro-ministro, o representante do BIC relatou o desinteresse dos accionistas do banco luso-angolano em comprarem o BPN.

Foi perante este desinteresse que Passos Coelho diz que tomou a iniciativa de realizar uma segunda reunião já com o presidente do BIC Angola, Fernando Teles, devido ao facto de ser um dos “principais accionistas” do BIC e com “poder decisório” no processo de compra do BPN.

Para essa reunião, que viria a acontecer a 28 de Novembro, Passos Coelho confirmou que não contactou directamente Fernando Teles, mas que pediu a intervenção do ministro de Estado e chefe da Casa Civil angolana, Carlos Feijó.

“O contacto com o senhor ministro Carlos Feijó ocorreu no quadro das boas relações existentes entre os dois Governos e pretendeu, face à delicadeza e urgência da matéria de Estado, recorrer aos bons ofícios do Executivo angolano para apurar, tão rapidamente quanto possível, a eventual disponibilidade do investidor angolano para concretizar a negociação ou, caso contrario, para assegurar a sua indisponibilidade para reatar as negociações”, disse Passos Coelho em resposta às questões do Partido Comunista Português (PCP).

Já em resposta ao Bloco de Esquerda, Passos Coelho concretizou que “pouco tempo depois” o ministro angolano informou da “disponibilidade do investidor para se deslocar com rapidez a Lisboa para conversar directamente com o Governo português”, o que aconteceu a 28 de Novembro.

Questionado pela maioria PSD e CDS sobre porque não contactou directamente Fernando Teles e preferiu a via do Governo angolano, Passos Coelho remete para a resposta anterior ao PCP, em que refere as “boas relações existentes entre os dois Governos”.

Na primeira reunião, a 23 de Novembro, Passos Coelho reuniu-se com Mira Amaral na presença também da secretária de estado do Tesouro e Finanças, Maria Luís Albuquerque, e Norberto Rosa, administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Na segunda reunião, a 28 de Novembro, o governante reuniu-se com três responsáveis do BIC, Fernando Teles, Mira Amaral e Jaime Pereira, numa reunião em que também esteve o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, além da secretária de estado das Finanças e de Norberto Rosa, presentes no encontro anterior.

Nas respostas dadas aos partidos, Passos Coelho recusou ainda que a venda do BPN ao BIC tenha feito parte das conversas mantidas em Angola aquando da visita ao país a 17 de Novembro, referindo, em resposta ao PS, que nessa data “não tinha ainda conhecimento de que tivesse ocorrido uma ruptura das negociações”.

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