BCE prepara compras de obrigações mas apenas se Espanha e Itália pedirem resgate

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Draghi excluiu a atribuição de uma licença bancária ao fundo de resgate europeu Foto: Daniel Roland/AFP

O Banco Central Europeu (BCE) vai preparar, durante as próximas semanas, um novo modelo de compras de obrigações, potencialmente mais eficaz do que o anterior, mas que apenas será accionado se os países em dificuldades recorrerem aos fundos de resgate europeus e aceitarem cumprir um programa de ajustamento.

Numa das conferências de imprensa mais esperadas dos últimos meses no BCE, o presidente da instituição, Mario Draghi, anunciou que os membros do conselho de governadores instruíram os comités sectoriais para, durante as próximas semanas, estudarem quais as medidas não convencionais que o banco central poderá vir a adoptar para combater a crise do euro.

No guia aprovado pelo conselho de governadores está, em particular, a hipótese de reactivação de um programa de compras de Obrigações de Tesouro no mercado secundário (suspenso há 20 semanas), na dimensão que for considerada necessária. O BCE coloca mesmo a hipótese de as compras de obrigações poderem não ser esterilizadas, como foi feito no passado, o que daria um poder acrescido a esta acção.

No entanto, Mario Draghi fez questão de salientar que, para que o BCE volte a comprar obrigações no mercado de um determinado país, este terá que previamente recorrer aos fundos de resgate europeus, assumindo, por isso, uma série de condições para a sua política económica e orçamental. Esta é uma mensagem dirigida particularmente a Espanha e a Itália, que têm vindo a pedir repetidamente mais acção por parte do BCE.

De notar que a decisão de emitir este guia para futuras compras de obrigações foi adoptado com os votos favoráveis da quase totalidade dos membros do conselho de governadores. Houve apenas uma excepção, revelou Draghi, a de Jens Wiedmann, o presidente do Bundesbank, que continua a mostrar as suas reservas em relação a este tipo de operações.

Mario Draghi disse que outros tipos de medidas serão estudadas pelos comités internos do BCE, preferindo não especificar quais nesta conferência de imprensa. Uma solução foi, no entanto, excluída: a atribuição de uma licença bancária ao fundo de resgate europeu.

Depois das declarações da passada semana em Londres, onde o presidente do BCE prometeu que faria tudo ao seu alcance preservar o euro, os mercados viram esta quinta-feira Mario Draghi adiar o anúncio de medidas concretas, mas abrindo a porta a uma acção mais vigorosa por parte do BCE, desde que os países aceitem a imposição de condições económicas e orçamentais.

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