Aos 33 anos, o Bruno vai morrer

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Os Corpo Diplomático ao vivo nos Alunos de Apolo

Se fosse vivo, Bruno faria agora 33 anos, a idade de Cristo. Se à partida o nome Bruno não vos diz grande coisa, é normal: não estamos a falar de um dos homens mais conhecidos da sua geração, nem sequer estamos a falar de um homem, antes da personagem principal de A festa do Bruno, uma canção (ainda hoje relativamente) obscura dos Corpo Diplomático, a banda que Pedro Ayres Magalhães fundou depois dos Faíscas.

Editada em 1979, a canção narrava o dia de aniversário de um rapaz normal, cuja festa acabava com a sua morte às mãos dos amigos. Agora Bruno vai poder finalmente morrer: amanhã, no Ritz Club, a partir das 21h30, a editora Amor Fúria e os membros do Corpo Diplomático comemoram os 33 anos do Bruno com uma festa que, procurando reproduzir a letra da canção, acaba por ser um showcase das bandas da editora, com umas quantas surpresas pelo meio. Haverá concertos de Ciclo Preparatório, O Deserto Branco, Asterisco Cardinal Bomba Caveira, Os Capitães da Areia e Smix Smox Smux - todas incluirão no seu alinhamento versões dos Corpo Diplomático. A passar discos estará Manuel Fúria, ex-líder de Os Golpes e cabecilha da editora, mas também Rui Pregal da Cunha, entre outros. Pelo meio haverá ciganos malabaristas (tal como na canção) e será projectado o vídeo da festa do Bruno, criado de propósito para esta ocasião pelo cineasta Tiago Pereira. No fim, os membros originais da banda matam o Bruno. Eles são Pedro Ayres Magalhães, Paulo Pedro Gonçalves, Emanuel Ramalho, Carlos Maria Trindade, Rui Freire e Carlos Gonçalves. Daqui nasceu a formação dos Heróis do Mar e, mais tarde, dos Madredeus.

Tendo em conta que no ano passado a discografia dos Heróis do Mar foi reeditada e que este ano se comemoram os 25 anos dos Madredeus, a Festa do Bruno acaba por ser mais um veículo de algo que começa a desenhar-se: a iconização de Pedro Ayres Magalhães como um dos maiores compositores portugueses dos últimos 30 e muitos anos.

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