Mário Soares: “Não podem ser os responsáveis pela crise” a conduzir a resposta

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Para Mário Soares, é preciso que a Europa volte “à solidariedade e à unidade entre todos” Daniel Rocha

O socialista Mário Soares afirmou terça-feira à noite que existe na Europa “a consciência de que o ‘euro’ não pode acabar”, mas lamentou que sejam “os responsáveis pela crise” a liderar a resposta.

Numa palestra na Ordem dos Médicos sobre o futuro da Europa, o antigo chefe de Estado e fundador do PS considerou que “não podem ser os responsáveis” pela crise europeia a conduzir o processo de resposta e que as raízes dos problemas actuais estão no “desaparecimento” das democracias-cristãs e na herança do antigo primeiro-ministro trabalhista britânico Tony Blair, um dos defensores da ‘terceira via’.

Mário Soares deixou de resto várias críticas a Blair, que acusou de misturar a “política com os negócios”.

O socialista considerou ainda que as democracias-cristãs europeias “desapareceram” e se transformaram “em partidos populares, neoliberais, que puseram os valores da doutrina social da igreja de lado”.

No entanto, o antigo secretário-geral do PS disse haver “um vento novo a soprar na Europa” protagonizado pelo presidente francês, François Hollande, e que levou a que na última cimeira europeia, no fim de Junho, tenha sido “completamente inútil”.

“O dogma da inevitabilidade das medidas de austeridade foi abertamente criticado, porque só pode conduzir a maior recessão e a um aumento explosivo do desemprego”, afirmou.

Para Soares é preciso que a Europa volte “à solidariedade e à unidade entre todos”, porque o fim da União levaria a que “o nacionalismo brotasse por todo o lado e possivelmente o fascismo”.

E, considerou, os eventuais responsáveis por esse cenário “deveriam ser julgados no Tribunal Penal Internacional por um crime contra a humanidade”.

Soares disse ser “extraordinário que os que provocaram esta crise, os neoliberais”, estejam a “liderar a Europa” e, nas respostas às várias questões que lhe foram colocadas, voltou a insistir no fim dos paraísos fiscais e das agências de ‘rating’, que acusou de serem “criminosas”.

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