Annan procura consenso no Conselho de Segurança e adia votação sobre a Síria

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Annan encontrou-se nesta terça-feira com Putin em Moscovo Kirill Kudryavtsev/AFP

Kofi Annan adiou por um dia a votação no Conselho de Segurança de uma resolução que prevê a aplicação de sanções ao regime de Bashar al-Assad. O enviado da ONU e da Liga Árabe procura alcançar um consenso que tem sido inviabilizado pela Rússia e pela China.

A votação da resolução estava prevista para esta quarta-feira mas Annan procura ainda chegar a consenso com a Rússia, que já vetou por duas vezes resoluções sobre a Síria por se opor a qualquer documento que abra caminho a uma intervenção ou implique o afastamento de Bashar al-Assad.

“Votaremos na quinta-feira de manhã”, anunciou o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, horas após o ataque em Damasco em que morreram o ministro da Defesa sírio, general Daoud Rajha, o ministro do Interior, Mohammad Ibrahim al-Shaar, o “vice” e cunhado do Presidente, general Assef Shawkat, e o general Hassan Turkmani, chefe da célula de crise que chefiava a repressão à revolta contra o regime sírio.

O documento cuja votação foi adiada foi proposto por vários países – França, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Portugal – e prevê a aplicação de sanções económicas e diplomáticas no caso de as forças sírias não pararem com os ataques de artilharia pesada contra a população. O adiamento foi decidido a pedido de Annan, que acredita ser possível chegar a um compromisso com a Rússia sobre uma resolução”, adiantou um diplomata ocidental citado pela AFP.

Annan voltou a Genebra após uma visita a Moscovo durante a qual se encontrou com o Presidente Vladimir Putin e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, dos quais não resultou qualquer entendimento. Já nesta quinta-feira, o Presidente norte-americano Barack Obama conversou com Putin, ao telefone, mas um porta-voz do Kremlin, citado pela agência russa Ria Novosti, adiantou que “as divergências persistem”.

“No conjunto, houve concordância quanto à análise da situação na Síria. Mas ao mesmo tempo persistem divergências sobre a forma concreta de chegar a uma solução, adiantou o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov.

A China, que também já vetou por duas vezes resoluções sobre a Síria no Conselho de Segurança, sublinhou também a necessidade de se chegar a um acordo. O seu embaixador na ONU, Li Baodong, adiantou que irão prosseguir as negociações com o objectivo de se “chegar a acordo sobre um documento consensual”.

O embaixador francês na ONU, Gérard Araud, disse à AFP que as negociações devem centrar-se “numa resolução no quadro do Capítulo VII [da Carta das Nações Unidas] com uma ameaça de sanções”, o que tem sido o principal ponto de divergência, uma vez que este capítulo da Carta da ONU, autoriza, em última instância, uma intervenção militar.

O Conselho de Segurança tem até sexta-feira para adoptar uma resolução, antes que expire o mandato da missão da ONU na Síria. Enquanto os países que propuseram a nova resolução defendem o aumento da pressão sobre o regime de Assad, a Rússia e a China têm defendido apelas o prolongamento desta missão de 300 observadores.

O secretário norte-americano da Defesa, Leon Panetta, e o seu homólogo britânico Philip Hammond, consideraram que a situação na Síria ficou “incontrolável” e defendem uma actuação urgente.

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