IURD constrói templo em Vila Nova de Gaia e espera “oportunidade” em Lisboa

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Em Portugal, há mais de 100 igrejas da IURD e cerca de 30 mil fiéis Foto: Fernando Veludo/NFactos

O terceiro templo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no território nacional está a ser construído em Vila Nova de Gaia, dois anos depois da inauguração da primeira obra de raiz em Portugal, na cidade do Porto.

“Durante muitos anos fomos adquirindo imóveis, primeiro arrendando e posteriormente passámos à opção de compra, como aconteceu com o antigo cinema Império [em Lisboa]”, explica o líder da Igreja em Portugal, João Filipe, numa entrevista à Lusa.

Na IURD havia, porém, “o sonho, o desejo de concretizar um templo de raiz para ter todas as comodidades”. E a “oportunidade que surgiu foi no Porto”, onde o projecto foi aprovado, numa zona “completamente destruída”, lembra João Filipe.

A construção do primeiro templo em Portugal, um edifício de 18 milhões de euros inaugurado a 29 de Julho de 2010, foi o “culminar das muitas lutas que a igreja passou no Porto aquando de uns verões quentes passados”, indica o responsável, recordando os conflitos no Coliseu e em Matosinhos: “A época da Inquisição parecia ter voltado”.

Na década de 1990, o Coliseu do Porto esteve para ser vendido à IURD, num negócio fortemente contestado que acabou por cair por terra, e a Igreja e a Câmara de Matosinhos envolveram-se num diferendo que começou com a realização de cultos no Cinema York, de onde a organização foi despejada. O processo culminou em confrontos entre fiéis e populares.

Segundo João Filipe, a construção do templo “acaba quase por ser um ‘prémio’ para o povo do Norte por todas as perseguições que tiveram mais vivamente do que em qualquer parte do país”.

O segundo templo de raiz foi inaugurado no ano passado no Funchal e actualmente, em Vila Nova de Gaia, outra estrutura está a ser construída e tem já 17% do projecto edificado. Para Lisboa, a IURD “espera uma oportunidade” para um novo edifício.

“A facilidade de termos um templo de raiz é fazer as coisas à nossa maneira: podemos ter a zona do altar, do baptistério, uma área preparada para as crianças, por faixa etária”, justifica.

O templo no Porto tem uma capacidade para perto de 3000 pessoas e tem “contribuído para o restauro de muitas vidas, que estavam perdidas para a sociedade, que eram toxicodependentes”.

“Passaram de uma situação de prejuízo para o Estado para criadores de emprego e esse tem sido o trabalho da Igreja ao longo dos mais de 20 anos em Portugal”, garante o líder.

Em Portugal, há mais de 100 igrejas e cerca de 30 mil fiéis. Com representações em 181 países, incluindo a Nova Zelândia, Israel e Ucrânia, o número de membros em todo o mundo rondará os 300 milhões.

João Filipe assume que a perseguição à IURD ainda se nota “aqui e ali, de forma mais discreta”, nomeadamente quando se tem “alguma dificuldade para obter alguma licença ou aprovação”.

Como exemplo, indica um evento no Campo Pequeno, em Lisboa, que a IURD queria alargar para fora do recinto em caso de lotação, o que não foi autorizado. No entanto, “durante o Euro2012 [de futebol], o Campo Pequeno foi transformado em estádio e no Portugal-Espanha houve duas transmissões, uma dentro e outra fora”, diz.

João Filipe quer acreditar que a “perseguição” tem a ver com uma “questão religiosa”, mas, ainda assim, “tudo leva a crer que é por ser a Igreja Universal do Reino de Deus”, uma vez que, afirma, outros grupos religiosos não têm dificuldades: “Conseguem as aprovações para o que desejam em termos dos seus cultos, o que não é errado. A nossa luta é para que haja um tratamento igual, visto estarmos num Estado laico”.

Ser o alvo preferencial é explicado pelo responsável com uma metáfora: “Só se mandam pedras às árvores que têm fruto e, se nós recebemos as ‘pedradas’ da sociedade, é, se calhar, porque estamos a incomodar mais com o nosso tipo de trabalho de ajuda que prestamos às pessoas”.

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