O neozelandês Rory Burke está a dar a volta ao mundo e fez escala no Optimus Alive

Tem 22 anos e há dois meses decidiu viajar pelo mundo. Veio ao Alive porque os amigos do Reino Unido, França e Portugal lhe falaram de um festival "com um cartaz espectacular"

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Com 22 anos, Rory quer andar pelo mundo Filipa Flores

Numa tenda do Orbitur Guincho, o segundo parque de campismo do Optimus Alive, está um rapaz a calçar umas grandes botas pretas. Quando termina, levanta-se e pergunta: "Are you going to the festival?". "Yes. To Optimus Alive."

Chama-se Rory Burke, tem 22 anos e vem da Nova Zelândia. Está sozinho no campismo e procura companhia para as próximas duas horas de espera para o próximo autocarro até ao recinto. A conversa desenrola-se à volta do concerto dos The Stone Roses, da "desafinação de Ian Brown e do óptimo ambiente que se vive no Optimus Alive", comenta.

Mas não foi só por causa do festival de Verão de Oeiras que Rory deixou o seu país. "Há dois meses decidi que queria viajar, aprender mais coisas, saber como vivem as pessoas", explica. Até há bem pouco tempo, a única vez que saíra da sua cidade natal — Wellington — tinha 16 anos. Foi numa viagem de estudo até ao Vietname. Agora, com 22 anos, quer andar pelo mundo. Estudou algum tempo na universidade, mas não chegou a concluir. "Sempre soube que gostava de aprender coisas, mas não pelo ensino tradicional."

Na semana passada esteve em Paris, com uns amigos. "Sempre quis conhecer a Europa, e foi muito bom, mas por vezes as pessoas não eram tão amigáveis como aqui", admite. Está em Portugal desde segunda-feira, 9 de Julho. Veio ao Optimus Alive porque os seus amigos que vivem na Europa — Reino Unido, França e Porugal — falaram-lhe de um festival "com um cartaz espectacular". Gosta de música, a única linguagem que se entende em todo o mundo. Até toca guitarra. Confessa-se ansioso pelos concertos de Radiohead e Caribou.

Na Nova Zelândia trabalhava no arquivo da polícia municipal. Um emprego de que não gostava mesmo nada. Quando disse que ia viajar, os pais ficaram contentes, mas com receio de que nunca mais voltasse. "Por ser um país pequeno, as pessoas lá raramente viajam, e eu não entendo como isso é possível", exclama Burke.

Não tem as coisas bem planeadas, nem mesmo em termos monetários. "Para já tenho dinheiro suficiente, mas quando não tiver fico a trabalhar numa cidade que goste até ter dinheiro para ir para a próxima." É sua sua filosofia de viagem. "Foi mesmo difícil deixar Wellington, mas agora sinto-me mesmo feliz", observa. Tem gostado de estar em Portugal, principalmente de Lisboa, e talvez fique por mais uns meses. "A arquitectura aqui é espectacular, mesmo antiga", elogia, dizendo-se "fascinado" por as "pessoas não serem nada arrogantes em relação a isso". "Os portugueses poderiam ser arrogantes do género 'vivo numa cidade com uma história incrível e sou espectacular', mas não é nada assim", exemplifica.

Gostaria de viver na Suécia ou na Noruega "porque são países onde as pessoas vêm em primeiro lugar". Em Portugal, gosta do metro e das suas facilidades, das bicicletas na rua e da música que se ouve. Estranhou os preços baixos e o facto de os jovens poderem beber álcool na rua. Pretende andar pelo Norte de Portugal e, se encontrar algum festival de música pelo caminho, faz mais uma paragem.

Mostra o caleidoscópio, que traz ao pescoço, a todos que conhece. Foi uma prenda de um amigo e vai acompanhá-lo nas próximas viagens. Quer viajar à boleia ou de comboio. Não quer ficar por "hostels" ou pensões porque "dessa forma não se conhece como realmente as pessoas vivem, ou melhor, não se conhece um país". E, realça, "não interessa ir a um país sem se conhecer as pessoas". 

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