Taliban impedem vacinação de 240 mil crianças contra a poliomielite

Os taliban que controlam regiões tribais no Noroeste do Paquistão, junto à fronteira com o Afeganistão, estão a travar a campanha de vacinação contra a poliomielite e a pôr em risco a saúde de cerca de 240 mil crianças.

"Recebemos ameaças dos taliban, podemos pôr em risco as equipas de vacinação", disse à AFP um responsável do Ministério da Saúde paquistanês. "Deveremos anular a campanha contra a poliomielite no Waziristão do Norte e do Sul", na fronteira com o Afeganistão, admitiu. A situação foi também denunciada por Fawad Khan, director dos serviços de saúde nas zonas tribais do Noroeste do Paquistão. É dele a estimativa do número de crianças que podem não ser vacinadas.

A situação não é totalmente inesperada. Em Junho, um comandante taliban impediu a vacinação no Waziristão do Norte em protesto contra as incursões de aviões não tripulados (drones) americanos e por considerar que a campanha poderia ser usada para espionagem. Foi isso que aconteceu em 2011, quando Osama Bin Laden foi morto numa operação das forças especiais norte-americanas em Abbottabad, no Paquistão, após uma campanha de vacinação contra a hepatite organizada pela CIA e que ajudou os EUA a chegar ao líder da Al-Qaeda.

A poliomielite afecta sobretudo crianças até aos cinco anos de idade. Pode causar paralisia em algumas horas ou mesmo a morte. Apesar do plano de erradicação da doença da Organização Mundial de Saúde, que fez baixar o número de casos de 350.000 em 125 países, em 1988, para 1352, em 2010, há ainda três países onde a poliomielite é endémica: Nigéria, Afeganistão e Paquistão.

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