Lisboa: Moradores escolhem construir jardim em Campolide num referendo local

A população da freguesia de Campolide, em Lisboa, decidiu construir um jardim num terreno baldio em vez de ali instalar um parque de estacionamento. A decisão foi tomada através de um referendo local, organizado pela junta.

Depois de a Câmara de Lisboa ter desistido de lançar um concurso público internacional para a construção de vários parques de estacionamento na cidade, por falta de verbas, a junta quis avançar com a recuperação de um terreno baldio na Avenida Miguel Torga.

Quanto ao destino a dar ao espaço - fazer dele um estacionamento ou um jardim -, o autarca de Campolide, André Couto, aceitou a sugestão de um morador da zona e fez um referendo local. “Se o terreno é para usufruto das pessoas, faz todo o sentido que sejam elas a decidir o que fazer com ele. Eu fui falando com as pessoas da zona, mas reparei que estava tudo muito dividido quanto ao que fazer”, disse hoje à Lusa o autarca socialista.

O passo seguinte foi distribuir convocatórias nas caixas de correio das ruas mais próximas do terreno e instalar pontos de votos na Avenida Miguel Torga: “Na segunda-feira estivemos numa ponta da avenida, na terça noutra. Estávamos identificados com as bandeiras e brasão da freguesia”, descreveu André Couto.

O autarca esperava uma participação a rondar os 10%, mas a iniciativa “superou as expectativas”, motivando cerca de 33% dos eleitores a votar neste referendo. A vontade dos moradores foi expressiva: cerca de 67% escolheu a criação de um espaço verde no terreno baldio.

“É uma reacção de que eu não estava à espera. As pessoas já não estão habituadas a serem consultadas em decisões maiores, quanto mais em pequenas, neste tipo de microdecisão. Mas o feedback foi muito positivo”, disse André Couto.

Para o autarca, a experiência foi positiva também porque possibilitou a “proximidade entre os eleitos e os eleitores”, uma vez que os fregueses aproveitaram a presença do autarca nas mesas de voto para “fazerem as suas reclamações”.

“Vamos continuar com este tipo de experiências”, assegurou.

A junta vai ter o apoio da câmara na elaboração do projecto do jardim - e, por isso, o presidente da junta vai reunir-se com o vereador dos Espaços Verdes na sexta-feira -, mas ficará responsável pela sua recuperação e gestão, adiantou o socialista.

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