Hillary Clinton lamenta “trágico legado” em visita histórica ao Laos

Foto
No Laos, Clinton encontrou-se com vítimas dos bombardeamentos Phoonsab Thevongsa/Reuters

Secretária de Estado conheceu vítimas das bombas lançadas pelos EUA durante a guerra do Vietname

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, protagonizou uma rara e histórica visita ao Laos, um país que esteve debaixo do fogo intenso da aviação dos Estados Unidos, que realizou mais de 580 mil missões durante os anos de guerra do Vietname: 30% das bombas lançadas ao longo do chamado “trilho de Ho Chi Minh” e na planície de Jars não explodiram e constituem um perigo latente para as populações rurais.

A última vez que um diplomata norte-americano esteve no Laos foi em 1955, quando o secretário de Estado John Foster Dulles foi pedir à família real para rever a sua declaração de neutralidade na Guerra Fria e aliar-se aos Estados Unidos.

Numa escala de quatro horas na capital, Vienciana, antes de seguir para o Camboja, onde decorrerá uma cimeira ministerial da Associação das Nações do Sudeste Asiático, a secretária de Estado deslocou-se a um centro de reabilitação física que atende as vítimas da deflagração extemporânea das munições de guerra. A cooperativa, que é parcialmente financiada com verbas americanas, apoia pessoas como o jovem Phongsavath Sonilya, de 19 anos, que perdeu a visão e os dois braços na explosão de uma dessas bombas há três anos.

“Abordámos o trágico legado do passado e apontámos maneiras de trabalhar juntos no futuro, redesenhando assim o arco do nosso relacionamento”, resumiu Hillary Clinton, no final de um encontro com o primeiro-ministro, Thongsing Thammavong, veterano do grupo guerrilheiro Pathet Lao, que combateu ao lado das forças do Vietname do Norte contra os Estados Unidos.

Os Estados Unidos mantêm um programa de 9 milhões de dólares para a limpeza dos explosivos lançados entre 1964 e 1975 no Laos. Clinton fez saber que mais de um milhão de bombas já foram desactivadas, libertando assim uma extensão de 23 mil hectares que estava vedada à exploração agrícola por causa do risco de rebentamentos.

A secretária de Estado discutiu outros assuntos de carácter ambiental com o seu congénere Thongloun Sisoulith, nomeadamente os planos de construção de uma barragem em Xayaburi, que activistas dizem terá dramáticas repercussões no curso do rio Mekong.

Sugerir correcção
Comentar