Saúde assegura que Portugal só tem casos “importados” de malária

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O novo organismo dependerá directamente do director-geral da Saúde Francisco George Pedro Cunha

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) assegura que os últimos casos de malária adquiridos em Portugal foram diagnosticados em 1959 e que, desde então, no país só têm sido identificados casos “importados” da doença, também designada por paludismo.

Num comunicado, em reacção a notícias que dão conta da possibilidade do aumento da temperatura potenciar o reaparecimento de casos de malária em Portugal, a DGS garante que, desde 1959, “todos os casos identificados em Portugal foram importados e ocorreram em viajantes regressados de países tropicais onde adquiriram a doença”.

A nota assinada pelo director-geral da Saúde, Francisco George, insiste que “todos os dados actualmente disponíveis relativamente à doença e ao vector não permitem prever qualquer alteração a esta situação”.

Ao todo, em 2011 foram notificados 58 casos importados de malária no país, lembrando a DGS que “desde 2008 que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e a DGS, em colaboração com as administrações regionais de saúde e as regiões autónomas, mantêm activo um programa de vigilância das populações de mosquitos em Portugal, designado por REVIVE”.

Na semana passada, em declarações à Agência Lusa, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, disse que o aumento previsível da temperatura vai potenciar, em Portugal, o risco de exposição à malária. “Este será um dos desafios importantes nos próximos tempos, ao nível da saúde, no âmbito das alterações climáticas”, sublinhou o responsável, que falava à margem do seminário “Turismo, Ordenamento do Território, Biodiversidade e Energia no Contexto das Alterações Climáticas”, em Mira de Aire, Porto de Mós.

Nuno Lacasta explicou que a ameaça de surtos de doenças vectoriais, como é o caso da malária, deve-se “ao aumento previsível da temperatura” e que, “mais do que amedrontar as pessoas”, estes alertas servem “para esclarecer e frisar a necessidade estudar e adoptar medidas preventivas. “Sei que o Ministério da Saúde está atento a esta problemática há já um par de anos, mas penso que é importante que os portugueses estejam informados sobre este cenário”, justificou.

A malária é causada por várias espécies do protozoário Plasmodium, sendo o Plasmodium falciparum o que causa a forma mais grave da doença. O parasita é injectado no sangue pelo mosquito fêmea anófeles, reproduz-se primeiro no fígado e depois passa para o sangue, onde infecta os glóbulos vermelhos e se multiplica, causando febres altas, dores de cabeça e mal-estar. Esta doença não se transmite de pessoa para pessoa, nem de mosquito para mosquito. Para o contágio, é preciso que um mosquito que tenha picado alguém infectado com o parasita pique, em seguida, alguém que não esteja doente.

O Sudeste asiático, a África Subsariana e América do Sul são as regiões mais atingidas pela malária. A mortalidade recai nas crianças até aos cinco anos, mas a doença ataca toda a população. Devido à complexidade do parasita, tem sido difícil produzirem-se novos medicamentos e não há uma vacina eficaz.

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