Turtle Giant, o trio lusófono que já compôs para séries norte-americanas

Músicas do trio formado por um macaense e dois brasileiros já tocaram em séries norte-americanas como "Ghost Whisperer", "One Tree Hill" e "90210"

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Já passaram por Brasil e Espanha, mas foi Macau que permitiu que os Turtle Giant, uma banda indie-rock formada por dois brasileiros e um macaense, se afirmassem no panorama musical. Apesar das dificuldades, os Turtle Giant deram um passo em direcção aos Estados Unidos. com o primeiro álbum. As músicas Sunlight e Beat Through fizeram parte da banda sonora de séries como Ghost Whisperer, One Tree Hill e 90210.

 

Reflectindo nas suas músicas o gosto pelo cinema, e considerando os Estados Unidos um mercado com muito espaço para o seu som indie, a banda conseguiu estabelecer os contactos certos. "Nós mandámos o nosso trabalho e foi por vontade deles que as músicas entraram nas séries", explica ao P3 Fred Ritchie.

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Apesar de não serem fãs deste tipo de séries, os Turtle Giant reconhecem que esta foi uma oportunidade de sonho que lhes permitiu chegar a mais público. E, falando, não só da televisão, mas também do cinema, salientam que estes meios oferecem uma liberdade maior para criar. Por isso, a aposta em bandas sonoras vai continuar.

 

Depois do álbum "Feel To Believe" em 2009, os Turtle Giant regressaram sob a forma de trio em 2012 e produziram o EP "All Hiden Places" em apenas um mês. Para Fred, este novo trabalho representa melhor a sonoridade da banda. "Gravámos todos os instrumentos ao vivo e editámos muito pouco."

 

António Conceição, de 26 anos, nasceu em Macau e em 2003 mudou-se para Portugal para estudar cinema na universidade. Depois de terminar o mestrado, trabalhou em Lisboa e também produziu filmes no Porto.

 

Após sete anos, decidiu regressar a Macau. "Não me conseguia aguentar a trabalhar a recibos verdes. Trabalhava em Publicidade e em Cinema e dava concertos com alguma regularidade, mas não conseguia pagar a renda nem ter o mínimo de independência que queria ter", explica. "Além disso, eu amo Portugal, mas esta (Macau) é a minha terra."

 

O regresso significou, também, um novo projecto na música para este macaense que refere Carlos Paredes como uma das suas influências musicais. Em 2009, o jovem artista conheceu Beto e Fred Ritchie, duo que formava os Turtle Giant. "Começámos a tocar e demo-nos muito bem, como amigos e musicalmente", recorda. Dois anos depois, os Turtle Giant andavam à caça de um novo elemento com uma visão diferente. António Conceição foi convidado para ser o terceiro membro do projecto indie-rock dos irmãos brasileiros, em que todos cantam e tocam. "O António fez-me sentir que agora somos, realmente, uma banda", conta Fred Ritchie

 

Desde cedo que Beto e Fred Ritchie, de 32 e 34 anos, respectivamente começaram a compor música. Em 2009, o irmão mais novo mudou-se para Macau, mas os dois foram criando canções, até que decidiram gravar o primeiro álbum dos Turtle Giant. "Eu voltei a São Paulo por três semanas para gravar o disco com o meu irmão", conta Beto Ritchie. E, assim, nasceu o primeiro álbum, "Feel To Believe".

 

Depois de um disco feito à distância, já em 2011, Beto e Fred Ritchie fizeram uma mini-turné em Espanha. No final desse ano, Macau tornou-se a cidade dos Turtle Giant e a banda admitiu a entrada de um macaense que regressava à terra natal, depois de sete anos em Portugal. "Macau é o lugar que temos em comum", ressalva António Conceição.

 

Para conseguirem ter estabilidade económica, os três elementos têm empregos noutras áreas. Mesmo assim, no programa do I Festival Literário de Macau, a banda apareceu como "o grupo local mais reconhecido internacionalmente". "Já tocámos na China, Singapura, Taiwan e vamos ter um concerto em Hong Kong", conta Beto Ritchie.

 

Este elemento dos Turtle Giant considera que existem menos dificuldades em Macau para os músicos. "Na verdade, até é mais fácil, temos  muita liberdade criativa", refere. Contudo, "não existem muitas oportunidades para se ter uma carreira tocando músicas originais". Além disso, os Turtle Giant estão longe dos mercados-alvo. "Queremos apresentar o nosso trabalho em locais como Brasil e Portugal. Acho que têm mais público para o nosso tipo de música", refere Fred Ritchie.

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