Autoridades pedem a Suu Kyi para chamar Myanmar ao seu país

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Suu Kyi usou a designação Birmânia na sua viagem à Europa Philippe Wojazer/AFP

A comissão eleitoral birmanesa ordenou a Aung San Suu Kyi que passe a chamar Myanmar ao seu país. A Nobel da Paz e líder da oposição usou várias vezes a designação Birmânia nos seus discursos na viagem que fez este mês à Tailândia e à Europa.

Até 1989 o país chamou-se Birmânia, quando o regime militar a substituiu por Myanmar, mas a oposição continuou a usar o nome anterior, bem como vários países e órgãos de informação internacionais. A mudança gerou uma acesa polémica, e agora a comissão eleitoral recorreu à Constituição de 2008 que refere o país como República da União de Myanmar para apelar a Suu Kyi que não volte a dizer Birmânia nas suas viagens ao estrangeiro.

Libertada em 2010, depois de ter passado grande parte dos últimos 20 anos em prisão domiciliária, Suu Kyi foi eleita deputada este ano, num escrutínio realizado a par de várias reformas políticas. Este mês efectuou a primeira viagem à Europa em 24 anos. Falar em Birmânia nos seus discursos foi interpretado como um desafio ao Governo, que é agora civil mas apoiado pelos militares.

“Tal como está escrito na Constituição, o país deve ser conhecido por República da União de Myanmar, e ninguém tem o direito de lhe chamar Birmânia”, lê-se num comunicado da comissão eleitoral publicado no The New Light of Myanmar. “A comissão informou a Liga Nacional para a Democracia [liderada por Suu Kyi] para escrever e referir o nome do país como está na Constituição, e respeitar a Constituição”.

A Liga Nacional para a Democracia criticou este apelo ao considerar que não está a desrespeitar a Constituição e vários etimologistas defendem que as duas palavras têm a mesma origem e foram usadas alternadamente durante séculos.

Quando assumiu o poder, num atropelo ao resultado das eleições que Suu Kyi venceu por larga maioria, em 1990, a junta militar justificou a mudança do nome com o facto de considerar a designação Birmânia um resquício do domínio colonial britânico, mas a alteração nunca foi aceite pela oposição ao regime.

Esta questão causou também um dilema à secretária de Estados norte-americana Hillary Clinton, que em Dezembro visitou a Birmânia e recorreu muitas vezes à expressão “este país”.

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