React Design: querido, reinventei a mobília

Molas transformam-se num abajur, escorredores de massa num candeiro. A designer Marta Pinto quer mostrar às pessoas que os objectos podem mudar de função

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Era uma vez um par de escorredores de massa que agora são um candeeiro. Era uma vez uns pés de uma mesa que agora estão colados numa palete de obras. Era uma vez umas molas que agora são um abajur. São histórias que Marta Pinto, a designer que criou a React Design, podia contar.

Acreditavas que à vossa cómoda poeirenta, pronta a ser deitada fora, pudesse ser dada uma nova vida, como se lhe tivesse caído uma máscara de oxigénio em caso de emergência? Sim ou não, é a isso que se dedica a React Design, que tem como principal objectivo conceber linhas de mobiliário a partir de peças já existentes. “As pessoas jamais imaginariam que um objecto tivesse outro propósito”, diz Marta ao P3. 

O nome React Design é uma brincadeira com o acto de “reinventar, reutilizar, remodelar, reaproveitar”, numa tentativa conseguida de “reacção contra os hábitos de consumo exaustivos” que são impostos diariamente. Nada do que é feito pela React é igual num outro lado qualquer, são objectos que foram uma coisa e agora são outra. 

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Transformar mobiliário ao domicílio

A designer está convencida de que ainda há muito por fazer em Portugal no que diz respeito a reciclar mobiliário. É aqui que encontra o seu nicho, com peças que “não são comerciais”, mas que facilmente encontram um lugar adequado numa qualquer divisão de uma casa, que até pode ser a tua. 

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E em que é que se inspira para estas as histórias do “era uma vez”? Marta explica-nos que o processo criativo é “intuitivo”. A designer conta que é facilmente encontrada sozinha num espaço público a beber o que a rodeia e a “criar hipóteses”. Pensa ter uma estética “única, contemporânea e surpreendente” e se tivesse que nomear uma influência forte, seria o Droog Design, um projecto em que a criação de peças resulta de uma colaboração à escala mundial entre centenas de designers, arquitectos e artistas. Atraem-lhe os objectos “demasiado comuns” por representarem o desafio de serem elevados a um “resultado improvável”. 

As expectativas são positivas e o desenvolvimento da marca passa por uma expansão da mesma em termos de serviços. Um deles consiste em ir a casa das pessoas para transformar o mobiliário. Apesar de ainda recente, já tem possíveis clientes para aceitar o desafio que lhes lança: “personalizar o interior das suas casas de uma forma inovadora, pessoal e única, recorrendo a uma marca portuguesa”. Deixam? O outro esborrata fronteiras e é ambicioso: “Gostava de fazer parcerias com outros designers, nacionais e internacionais, para uma divulgação em massa e eficaz”. 

Marta licenciou-se em Artes Decorativas na Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. Ingressou num mestrado que não chegou a concluir, por motivos financeiros, e esteve envolvida na criação do projecto para a árvore de Natal da Presidência da República em 2009. Mas tudo mudou pouco antes de terminar 2012, ano em que se candidatou ao programa Caldas Empreende, que aceitou o projecto e concedeu duas salas a custo zero para o desenvolvimento da marca. 

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