APED alerta para “queda livre” no consumo em Portugal

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APED reúne no grupo dos seus associados a maioria das grandes superfícies comerciais de Portugal Foto: Miguel Silva

As vendas no retalho não alimentar diminuíram 8,6% no primeiro trimestre de 2012 e a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) refere uma quebra no consumo alimentar e não alimentar de 3,7%. A par disso, alerta para o facto de os consumidores estarem a optar por produtos alimentares mais baratos.

“As pessoas estão a deixar de comprar livros, vestuário, frigoríficos, televisões, consolas e outros electrodomésticos”, afirmou a directora geral da APED, Ana Isabel Trigo de Morais, esta terça-feira, à margem da apresentação do barómetro de vendas do primeiro trimestre de 2012, em que se salientam “níveis de quebras de consumo mais elevados desde que os dados são contabilizados” por esta associação.

Na categoria de produtos não alimentares, as vendas baixaram 24% no segmento de entretenimento e papelaria, 15,3% nos bens e equipamento e 10,6 % no sector do vestuário, sendo que os medicamentos não sujeitos a receita médica foram o único produto que cresceu (4,5%) no primeiro trimestre do ano. Este aumento é um “sinal claro de que o consumidor está absolutamente focado na gestão do seu rendimento e procura cada vez mais o factor preço”, justifica a representante.

Embora o consumo alimentar tenha crescido 0,2%, a APED explica que não pode ser feita uma leitura positiva deste dado. Ana Isabel Trigo de Morais salienta que, apesar do valor transaccionado registar um aumento, “isto não quer dizer que se tenham vendido mais unidades de produtos”. O que acontece é que o preço dos bens de consumo está a aumentar.

A directora da APED explica ainda que este aumento reflecte “a subida do preço dos produtos alimentares – consequência de uma depressão inflacionista forte e dos impactos da reclassificação do IVA de determinadas categorias de produtos” e não do aumento do volume unitário de vendas. “O consumo alimentar está a cair”, remata.

A APED olha também com preocupação para as alterações no padrão de consumo dos portugueses, que “numa primeira fase passaram a comer menos em restaurantes, optando em alternativa por serviços de pronto a comer e produtos congelados”, e agora, segundo revelam os últimos dados, observa-se que “já nem isso está a acontecer”.
O segmento dos produtos congelados estagnou e, a par disso, os sectores dos frescos, charcutaria e mercearia cresceram. “Está a acontecer uma alteração de padrão de consumo cada vez mais expressiva. O consumidor está a optar cada vez mais pelas categorias mais baratas de produtos”.

“As pessoas não deixaram só de fazer as suas refeições fora de casa, estão também a comprar produtos cada vez mais elementares”, factor que, segundo a directora da APED, revela que “cada vez mais são as próprias pessoas a confeccionar as suas refeições”, e isto a partir dos ingredientes mais simples.

Ainda segundo este padrão de consumo, Ana Isabel Trigo de Morais salienta que são as marcas de distribuição (marcas brancas) que “permitem que o consumidor possa manter o seu nível de vida”.

A APED teme que no segundo trimestre a situação piore ainda mais, razão que leva Ana Isabel Trigo de Morais a pedir que o Governo “olhe para o que está a acontecer ao sector”.

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