Bolseiros de investigação preparam “concentração simbólica” à frente da FCT

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ABIC diz que “bolseiros têm vindo a sofrer severos ataques às suas condições de trabalho e de vida” João Henriques/arquivo

A Comissão de Bolseiros da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa está a organizar uma flash mob de protesto, em frente à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), à hora de almoço desta quarta-feira. Os bolseiros mantêm que, apesar de o Governo e a própria FCT dizerem o contrário, há pagamentos de bolsas em atraso.

A “concentração simbólica” acontece uma semana após o presidente da FCT, Miguel Seabra, ter afirmado, em entrevista ao Sol, que, “com excepção de dificuldades no ano de arranque da bolsa, os bolseiros são sistematicamente pagos a tempo”. “É falso que os bolseiros vivam em permanentes dificuldades”, disse.

Os bolseiros repudiam estas declarações, assim como as que foram proferidas ao PÚBLICO quase um mês antes por fonte do Ministério da Ciência e da Educação (MEC), tutelado por Nuno Crato, que recusava a ideia de que os atrasos no pagamento fossem normais: “Não se pode dizer que existam atrasos no pagamento aos bolseiros de investigação da FCT”.

“Apesar das declarações do Ministério da Educação, continuam os atrasos nos pagamentos das bolsas da FCT e do Seguro Social Voluntário a dezenas de investigadores e investigadoras por todo o país”, denuncia aquela comissão de bolseiros, que organiza esta acção de protesto em conjunto com os Precários Inflexíveis e a Associação de Bolseiros de Investigação e Ciência (ABIC).

“Os bolseiros com pagamentos em atraso não têm a possibilidade de procurar fontes de rendimento alternativas, porque os contratos de bolsa que assinaram obrigam à exclusividade. Esta situação gera uma enorme instabilidade que se reflecte na sua vida familiar e profissional”, lê-se na convocatória, que sublinha ainda que os seus vencimentos “não são actualizados há mais de dez anos”.

A concentração em frente à Loja do Bolseiro, na Avenida D. Carlos I, em Lisboa, está agendada para as 13h. A iniciativa foi tornada pública a 31 de Maio, após a publicação da carta aberta “Sem Ciência não há futuro”, até ao momento com 2900 subscrições. No documento, defende-se que “a aposta na Ciência configura uma das soluções mais eficazes para a saída da crise”, ao mesmo tempo que se lamenta a “precariedade laboral” dos bolseiros.

Mas esta não será a única iniciativa de protesto dos bolseiros de investigação científica para os próximos dias. A ABIC está a organizar uma outra para 5 de Julho, de quinta-feira a uma semana, desta vez em frente ao Ministério da Educação e Ciência, com o objectivo de “expressar as suas críticas às políticas traçadas pela FCT e pelo MEC”. “Os bolseiros de investigação têm vindo a sofrer, em particular nos últimos meses, severos ataques às suas condições de trabalho e de vida”, dizem, em comunicado.

Para relançar o protesto de amanhã, os Precários Inflexíveis produziram um vídeo com testemunhos de vários bolseiros com pagamentos em atraso.

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