Durão Barroso defende criação de fundo para Desenvolvimento Sustentável

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A economia verde vai aumentar a capacidade para gerir os recursos naturais de forma sustentável, disse Barroso Ricardo Moraes/Reuters

É preciso criar fontes de financiamento para pôr o mundo na rota da economia verde, disse nesta quarta-feira o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, no seu discurso na sessão de abertura da conferência Rio+20.

“Os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) sozinhos não são a resposta”, disse Durão Barroso, referindo-se ao conjunto de metas e prazos concretos para a transição rumo à economia verde e para acções de controlo da perda de biodiversidade, degradação dos oceanos e solos e emissões poluentes.

Este é um dos principais dossiers no Rio de Janeiro e que tem na União Europeia o principal defensor. Mas não contou com o apoio nem dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, nem do G77 (grupo dos países mais pobres e dos emergentes, que inclui o Brasil, Rússia, China e Índia) e nem do Japão e Coreia do Sul.

Os ODS serão discutidos através de um processo intergovernamental a ser agora lançado. Todas as referências a prazos, temas e metas concretas foram eliminadas do documento final “O futuro que queremos”, a ser assinado nesta sexta-feira pelos líderes mundiais.

No seu discurso, Durão Barroso defendeu que se devem alterar os padrões de produção e consumo e saudou “calorosamente” a inclusão no texto final do reconhecimento da “economia verde” como uma das formas de se alcançar o desenvolvimento sustentável. “A economia verde vai aumentar a nossa capacidade de gerir os recursos naturais de forma sustentável e com menores impactos ambientais e maior eficiência dos recursos. Esse é um primeiro passo importante na direcção certa”, elogiou.

Mas, na sua opinião, “o financiamento público e privado e a competência das empresas devem caminhar de mãos dadas no estabelecimento de estratégias de financiamento adequadas”.

Durante as negociações do documento final, uma proposta para a criação de um fundo para o desenvolvimento sustentável chegou a ser sugerida, mas foi retirada do texto por falta de consenso entre os países.

Durão Barroso recordou ainda que há 20 anos participou na Cimeira da Terra como Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e que, nessa altura, uma menina canadiana “calou” o mundo por seis minutos ao recordar aos líderes mundiais que “estamos todos juntos” e devemos agir como um “único mundo”. “Vinte anos depois, estou aqui novamente, desta vez como Presidente da Comissão Europeia para confirmar o compromisso expresso da Europa com o desenvolvimento sustentável e para vos apresentar uma visão comum e uma agenda para a mudança”, completou.

A Cimeira de Alto Nível da Rio+20 foi inaugurada nesta quarta-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que nomeou o Brasil como presidente da conferência.

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