Rui Costa, o “Jalabert português”, aponta forças ao Tour e aos Jogos

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Do ciclista português diz-se que é “um líder nato” Foto: Denis Balibouse/Reuters

Mal acabou a última etapa da Volta à Suíça, Artur Lopes, presidente da Federação de Ciclismo, ligou para o telemóvel de Rui Costa. Estava desligado. Minutos depois, recebeu um SMS do telefone da mulher do recém-vencedor da prova mais importante a seguir ao Tour, Giro e Vuelta. “Era a dar-me os parabéns”, contou Artur Lopes. “Incrível, não é?”, soltou, referindo-se à extrema humildade do ciclista português, que entrou pelas páginas dos jornais e viu o seu nome juntar-se agora aos favoritos na Volta à França, que começa a 30 de Junho.

É a maior vitória de um ciclista português. Maior que um triunfo numa etapa do Tour. Aos 25 anos, o corredor da Movistar alcançou o seu maior triunfo, depois de ter ganho a camisola amarela à 2.ª etapa e nunca mais a largar. “Ele corre sem receios, é um líder nato, sem medo de enfrentar o que seja, ao contrário de outros que quando vestem a amarela ficam com as pernas a tremer”, analisa ainda Artur Lopes.

Tem a ver com consciência. E também com inteligência, destaca Marco Chagas, antigo ciclista e actual comentador. “É inteligente a correr, sabe ler a forma de estar no pelotão, fazer o seu posicionamento”, continua sobre Rui Costa, ciclista que aos 11 anos entrou para o atletismo, modalidade que praticou durante dois anos antes de se mudar definitivamente para o ciclismo na equipa Guilhabreu. Seguiram-se o Santa Maria da Feira, o Benfica, a Caisse D’Epargne e, agora, a Movistar.

Medalha nos Jogos

Quando deu os “parabéns” à Federação, Rui Costa queria lembrar os tempos em que começou a ganhar nome, no seu trajecto na selecção portuguesa. Aí, ganhou o Giro della Regione, prova de amadores em Itália, fundamental porque é onde estão todos os directores desportivos à procura de novos talentos.

Depois, não ganhou por pouco a Volta à França do Futuro, mas reforçou o seu estatuto de promessa.

“É muito racional a correr, não é força em bruto, sabe a diferença para os adversários e quando há-de atacar, quando os outros trabalham para ele ou deve soltar-se”, lembra ainda Lopes, dos tempos em que o acompanhou e ganhou uma amizade forte com o ciclista.

Em 2011 ganhou a Volta à Comunidade de Madrid e, nesse mesmo ano, vence também a Clássica de Montreal, prova da World Tour, e consegue a proeza de vencer uma etapa no Tour de França (a 8.ª), uma prova na qual participa pela terceira vez.

É aqui, a França, que Rui Costa chega agora com o nome reforçado. “Tem potencial para fazer coisas grandes”, diz Marco Chagas, mas não lhe entrega, para já, uma vitória na prova mais emblemática do ciclismo. “Não vai ganhar já o Tour”, atira. “Até porque está na equipa de Alejandro Valverde, um espanhol e grande nome da formação”.

“Uma coisa de cada vez”, pede. “Vai reforçar a sua condição de internacional e no posicionamento da própria equipa, não é a principal figura mas pode conquistar uma ou mais vitórias de etapa”, continuou.

O antigo vencedor de quatro Voltas a Portugal (1982, 1983, 1985 e 1986) prognostica ao português um belo futuro. “A curto prazo, se acabar bem o Tour, pode ganhar já neste ano uma medalha nos Jogos Olímpicos e, daqui a um ano ou dois, ser campeão do mundo”.

Para Chagas, as características de Rui Costa são comparáveis ao francês Laurent Jalabert ou ao irlandês Sean Kelly, antigos vencedores da Vuelta e campeões mundiais. “Sim, tem essas características”.

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