Falta "muito pouco" para melhorar os Caminhos do Romântico

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Grafitos são um dos problemas

É quase impossível alguém ir à Quinta da Macieirinha e resistir à tentação de se embrenhar pela Rua de Entre-Quintas, com o seu chão empedrado, muros altos e o canto dos pássaros a ecoar por todo o lado. Começam aqui os Caminhos do Romântico, ou um dos seus cinco percursos, mas quem não o souber, pode percorrer a zona sem se aperceber de que ali existe uma obra pensada e criada, ainda que parcialmente, no âmbito da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura.

Isto, porque as placas que identificam os caminhos estão cobertas de grafitos que impossibilitam praticamente a leitura. E, alguns metros depois de se iniciar a descida da Rua de Entre-Quintas, quando os muros em pedra são substituídos por paredes lisas de cimento, é, de novo, o colorido dos grafitos que toma conta de tudo.

São estes os principais problemas dos Caminhos do Romântico, a par da escora de madeira que, há anos, segura parte do muro que limita os terrenos do Palácio de Cristal, quase no fim da Rua de Entre-Quintas, e que ameaça ruir. A obra será da responsabilidade da Câmara do Porto, mas continua por fazer.

Para a arquitecta Graça Nieto Guimarães, que coordenou o projecto de criação dos Caminhos do Romântico, o que falta fazer para potenciar este pedaço escondido da cidade é tão insignificante que nem se percebe por que não foi ainda resolvido. "O que falta fazer ali é muito pouco, não tem significado nenhum", diz ao PÚBLICO, salientando o trabalho positivo desenvolvido pela autarquia ao nível da limpeza: "Nota-se uma manutenção muito cuidada e persistente, os caminhos estão mais limpos do que muitas zonas da cidade."

Isto mesmo transmitiu à Câmara do Porto, quando, em Setembro de 2008, lhe enviou um plano sobre o que poderia melhorar os Caminhos. Seriam necessárias "reparações pontuais", o "restauro ou substituição dos painéis informativos, por material [acrílico] que torna mais fácil a limpeza" dos grafitos, "a reedição dos desdobráveis esgotados há anos com os diferentes percursos traçados e um guião que explicasse, por exemplo, a duração de cada percurso e se este era ou não acessível a pessoas com problemas de mobilidade", explica a arquitecta.

O documento, que, segundo Graça Nieto Guimarães, "nunca teve resposta", sugeria ainda a criação de "um centro interpretativo" e a aposta na divulgação dos Caminhos. Pequenas coisas que poderiam melhorar o que foi efectivamente concretizado do projecto inicial (cerca de 35% do total, já que toda a parte urbanística do projecto - criação de habitação, reabilitação de edificado e construção de um viaduto pedonal entre os dois vales e de um centro de apoio universitário - foi abandonada).

Questionada pelo PÚBLICO sobre a possibilidade de limpar os grafitos nas placas e paredes dos caminhos, a Câmara do Porto não respondeu. Já sobre a possibilidade de reeditar os itinerários da Porto 2001, esclareceu, por escrito: "O município promove estes circuitos, no âmbito dos "Percursos Orientados pela Cidade". Estes circuitos constam do nosso catálogo Cultura que descreve os equipamentos municipais, os percursos orientados pela cidade e materiais para empréstimo, estando disponíveis para todos os grupos que [o] requisitarem." P.C

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