Documenta 13 volta a KAssel

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O Museu Fridericianum recebe algumas das obras desta edição da Documenta 13, que decorre até 16 de Setembro na cidade alemã de Kassel dr

A cada cinco anos e durante cem dias, Kassel, cidade alemã perto do rio Fulda, torna-se no centro mais importante da arte contemporânea. A exposição chama-se Documenta 13 e teve a sua primeira edição em 1955, organizada por Arnold Bode. Começou por ter como objectivo mostrar a arte e os artistas que tinham sido considerados "degenerados" pelos nazis: a famosa "Enterte Kunst" como eram classificados os mais importantes movimentos artísticos como cubismo, fauvismo, futurismo, expressionismo, etc.

Kassel foi a cidade que durante a II Guerra Mundial produziu as munições para a tropas nazis; era o centro de controlo dos distritos militares do exército e lá funcionava o campo de concentração de Dachau. Uma centralidade que fez com que 90% da cidade fosse destruída pelas forças aliadas. Quase nenhum edifício foi recuperado e resta pouco da sua história. Os museus (onde acontece a Documenta 13) são a excepção e alguns foram reconstruídos.

Desde sempre que a Documenta 13 é palco de apresentação dos movimentos artísticos mais significativos (e já estiveram presentes os artistas portugueses Julião Sarmento, em 1982 e 1987, e Pedro Cabrita Reis, em 1992). Foi lá que se falou do regresso da pintura; que com Jan Hoet (edição de 1992) se pôs em causa a crítica da arte e se fez uma exposição só com as ideias dos artistas; que com Catherine David (1997) se falou da política e do pós-colonialismo e que na última edição (2007), a cargo de Roger M. Beurguel, se descobriu que a contemporaneidade se define por ter no modernismo a sua antiguidade.

A edição de 2012, comissariada por Carolyn Christov-Bakargiev e inaugurada no dia 9 de Junho (pode ser visitada até 16 de Setembro), explora a relação entre arte e pesquisa: a qual se mostra em diálogo e não em subordinação. Para a curadora, trata-se de pôr em relação diferentes níveis de conhecimento (arte, política, ciências naturais, medicina, tecnologia) e, como escreve no texto de apresentação, explorar o polígono formado por esses objectos tão diferenciados. Neste contexto, surgem "coisas" e autores com origens tão diferentes como a teoria, a dança, a literatura, tradução, feminismo ou a engenharia. Muitos dos artistas são pouco conhecidos no circuito das exposições mundiais, mas podem ver-se trabalhos de Anna Maria Maiolino, Judith Barry, Lawrence Weiner, Man Ray, Massimo Bartolini, Morandi, Tacita Dean ou Walid Raad entre muitos outros. Nuno Crespo

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